terça-feira, 28 de outubro de 2008

Yes - Tormato











Tormato não é a obra-prima do Yes, não é bem-sucedido comercialmente, tão pouco entre a crítica e, talvez, nem entre os fãs da banda.
Por quê, então, postá-lo? A resposta é simples: por causa da minoria que gosta dele!
Esse foi o segundo album da banda que escutei, após meu favorito (Yes Album). E comecei bem por que Chris Squire arrebenta nesse trabalho. Foi impactante para mim, com 15 anos, ouvir o baixo desse cara entupido de wah-wah, flanger, chorus e qualquer outro efeito que pudesse modificar seu som.
Havia ali uma grande necessidade e esforço em comum em construir um grande album como Fragile ou Close To The Edge, mas o Yes já vinha batendo na trave há alguns anos e com esse disco não foi diferente, até mesmo porque o mundo já estava de saco cheio dessa ladainha de rock progressivo.
Era 1978 e um zilhão de coisas aconteciam ao mesmo tempo na música, bem diferente de dez anos antes, onde a consciência coletiva apontava para um caminho básico, a contra-cultura.
À medida que os anos se passaram tudo foi acontecendo de maneira mais rápida e o rock foi conhecendo suas divisões, subdivisões e divisões das subdivisões, e o Yes foi ficando para trás - apesar de seu público bastante fiel - bem como seus contemporâneos progressivos.
Assim nasceu Tormato, debaixo de muita pressão por todos os lados. Músicas um pouco mais curtas para os padrões da banda, algumas até mais rápidas, acompanhando o bit do momento.
Uma das mudanças mais radicais foram os novos timbres experimentados por Rick Wakeman, fugindo um pouco daquele padrão Hammond-Moog-Piano, usando novos "brinquedos" chamados Birotron, Polymoog e RMI, em uma tentativa de atualizar o som da banda, que na minha opinião foi muito bem até certo ponto.
Essa mudança timbrística de Wakeman deixou a guitarra de Steve Howe um pouco escondida, talvez essa a maior mancada do disco.
Jon Anderson e Alan White seguiam muito bem, aliás, Jon Anderson esbanja sentimento na belíssima Onward e na complexidade melódica de Circus Of Heaven, onde até seu filho Damian faz uma pequena participação.
Mas o melhor ainda está por vir ao fim do disco: uma verdadeira aula de baixo de Squire, costurando tudo o que vinha pela frente na porrada On The Silent Wings Of Freedom, uma das minhas cinco músicas preferidas do Yes.
Maldade minha dizer que a aula é só de Squire: a banda encarna seu próprio espírito de anos anteriores e constroe uma música furiosa, mesmo que o vocal de Anderson não assuste nem um pé de alface.
Howe e Wakeman propõem um duelo amistoso onde não há vencedores mas que serve para mostrar que Howe ainda tinha muita lenha para queimar enquanto nosso mago dos teclados reclusou-se em trilhas sonoras zen, anos mais tarde.
Tormato não é o mais recomendado da banda, mas é um exemplo muito claro de um dos últimos suspiros do rock progressivo e o esforço em produzir algo bom, ainda que todos os ventos soprem contra.