Essa postagem só foi possível graças à um sujeito chamado Sergio, do blog Sergio Sônico, que gentilmente cedeu o album em questão e incentivou a postagem.
Damon Shulman é filho de Phil Shulman, multi-instrumentista do fantástico Gentle Giant, onde tocou nos quatro primeiros discos da banda.
Brief Moment Of Panic (2006) é seu segundo album e traz uma sonoridade atualíssima e muito agradável, imprimindo uma pré-disposição em renovar o tão velho e surrado rock progressivo, quase sem querer.
E não é que o garoto se saiu muito bem, obrigado! Basta ouvir com muita atenção a belíssima While We're In Flight e a maravilhosa Pleasure, com uma sonoridade complexa (será que é só genética familiar?) e sofisticada, em uma mescla de sons e desenhos que passeiam entre o jazz, o progressivo e pop, lembrando em algumas passagens até mesmo o saudoso Police, com uma ousadia em fundir o rock com o pop, sem cair em um pastiche musical desnecessário.
Mas Damon vai muito além com sua música: carregando o estigma de filho de um ex-Gentle Giant, o garoto não deita sua cabeça em um travesseiro e deixa com que a herança familiar faça seu papel por si só. O disco possui muita personalidade e proporciona uma audição deliciosa, como em She Fades Away, com seu refrão que cola na mente ao ouvirmos a voz de uma criança, e o som do baixo marcando os tempos da música, com um timbre pra lá de sedoso.
Soul Seek Rebellion é quase world music, alegre e colorida, mostrando uma outra faceta de Damon: o garoto é antenado nos sons que percorrem os quatro cantos do mundo e aplica essa característica em favor de sua música.
Não vou classificar Brief Moment Of Panic apenas de progressivo e tão pouco dizer que há sonoridades explícitas de Gentle Giant aqui, para não criar uma expectativa sem sentido. Há sim a herança de seu pai e tios no modo como a música é tratada e apresentada ao público, sempre com uma qualidade infinitamente superior à do mercado fonográfico tradicional, que trata a música como um produto descartável, feito apenas para render grandes lucros.
A família Shulman vai muito além dessa ideologia hipócrita, apresenta sua música como forma de arte e com muito respeito aos seus apreciadores.