Os princípios do Câmara de Eco.

A finalidade do Câmara de Eco é funcionar como modesta referência para aqueles que procuram novos e velhos sons, publicando informações e indicando bons trabalhos merecedores de audição mais atenta.
Da mesma forma que um amigo empresta um CD a outro, faço questão de apresentar a você, internauta amigo e amiga, boas amostras de rock, jazz, progressivo, blues e folk, e com isso, espero, possamos divulgar a música vista como forma de arte e não como um produto qualquer dentro de uma caixinha acrílica.
Abraços e boa diversão!
Lucon

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Moxy - Moxy



O Moxy é outra banda canadense formada em Toronto no ano de 1974 por Buzz Shearman (vocais), Earl Johnson (guitarra), Terry Juric (baixo) e Bill Wade (bateria).
Para seu primeiro disco auto-intitulado de 1975 convidaram Tommy Bolin para fazer quase todos os solos do disco, com exceção de dois ou três feitos pelo guitarrista Earl Johnson que em princípio faria todos os solos mas após desentendimentos com o produtor, pulou pra fora do barco.
Com uma sonoridade bastante próxima da do disco de estréia do Rush (que coincidência, não?), o Moxy começou muito bem com seu debut, um disco de rock muito bem produzido e gravado, recheado de músicas que colam na mente após a primeira audição, como Can't You See I'm A Star, com um riff maravilhoso e cheio de viradas fantásticas de batera, Moon Rider e Time To Move On, dois puta rocks pra fazer a cabeça, e Train, um blusão com um riff ganchudo e muito bem interpretado por Buzz Shearman.
Claro que a presença de Tommy Bolin é sempre muito bem vinda em qualquer trabalho mas tenho certeza que mesmo sem ele o Moxy se virava muito bem.
O nome de Bolin associado ao do Moxy serviu pelo menos para que fãs como eu chegassem a esse trabalho da banda, quase perdido no tempo.
O Moxy ainda seguiu em frente por mais alguns anos, até que em 1977 Buzz deixou a banda. Ainda assim ele retornou e saiu da banda em mais algumas ocasiões até que faleceu em um acidente de moto em 1983, calando uma grande voz.

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terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Rush - A Farewell To Kings







"Quem aqui não gosta do Rush, levante a mão?" diria a professora da quarta série se existesse a tal escola do rock.
Sinceramente não conheço nenhum doido que diz não gostar do Rush. Também, a carreira do trio canadense é quase irrepreensível, a não ser pelo fraquinho Hold Your Fire (1987). Mas, quem um dia não pisou no tomate, não é verdade?
Poderia disponibilizar a discografia completa do Rush aqui, mas fatalmente o DMCA me pegaria e também não é o intuito do Câmara fazê-lo, haja visto que há links na internet para tal.
O importante mesmo é falarmos de A Farewell To Kings (1977). Confesso que foi difícil a escolha, mas optei por esse pelo fato de ser da fase transitória da banda, ou seja, ainda há uma sonoridade pesada mas a cada música perecebe-se uma grande preocupação da banda em trabalhar muito cada detalhe de cada faixa que compõe esse álbum.
O Rush é o tipo de banda que você ama ou odeia, não há meio termo. Mas é certo que quem ama, ama muito mesmo porque os caras são fantásticos, power trio de primeira qualidade sem dúvida nenhuma.
Todas as faixas de A Farewell To Kings são clássicos absolutos dos 70's, a começar por um dos grandes sucessos da banda, Closer To The Heart, presença garantida em seus set lists.
Mas, há de se falar em Cinderella Man, Xanadu e Cygnus X-1, com o som do bom e velho Rickenbacker em um tempo maluco.
Geddy Lee (vocais/baixo), Alex Lifeson (guitarra) e Neil Peart (bateria) surgiram como uma nova promessa do rock progressivo, mas esses caras não se prenderam à rótulos e foram além, construindo pouco a pouco sua sólida e vitoriosa carreira, apresentando o padrão Rush de qualidade total - RISO 9000.
Graças à Deus o Rush não se prendeu a rótulos ou seguiu fórmulas que os prendessem a determinados formatos musicais. Dessa forma temos o Rush vivo e forte nos dias atuais, lançando discos de altíssima qualidade e sempre à frente de seu tempo.

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Paul Rodgers - Muddy Water Blues - A Tribute To Muddy Waters



Paul Rodgers (ex-Free, Bad Company e atualmente cantando com o pessoal remanescente do Queen) faz uma justa e belíssima homenagem à um dos grandes mestres do blues, Muddy Waters.
Outro vocalista branco com alma negra - já havia citado Glenn Hughes em uma postagem recente - que desfila sua belíssima voz entoando cantos de blues com seu acento soul, típico de sua grande vocalização.
Muddy Waters Blues - A Tribute To Muddy Waters (1993) é o segundo álbum solo de Paul Rodgers em dez anos (o primeiro, Cut Loose, foi lançado em 1983) e é um regaço, contém inúmeras participações especiais, poderia ser facilmente apelidado de "o disco da constelação" tamanha quantidade de mestres guitarristas que participam. Anote aí: Brian May, Buddy Guy, David Gilmour, Jeff Beck, Gary Moore, Richie Sambora, Slash e Trevor Rabin.
Como ele mesmo disse em uma entrevista à Folha de São Paulo na época "... o David Gilmour arrasa no meu disco".
Muddy Waters deve ter recebido centenas de homenagens mas essa vinda de Paul Rodgers e amigos foi uma tremenda surpresa.
Lembro que na época foi um lançamento muito comentado. Também deveras, o disco é uma paulada no pé do ouvido, simplesmente fantástico e ainda por cima reúne Paul Rodgers com a maioria dos grandes guitarristas do mundo.
Ouça Rollin' Stone (com Jeff Beck), She's Alright (com Trevor Rabin), Standing Around Crying (com David Gilmour), I'm Ready (com Brian May) ou Good Morning Little School Girl (com Richie Sambora) e escreva depois nos comentários se não deu vontade de pular no açude seco.

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Erik Norlander - Into The Sunset







O tecladista americano Erik Norlander também é conhecido por ser marido da vocalista de hard 'n' heavy Lana Lane.
Possui uma sólida carreira solo, com cerca de sete discos lançados, além de participar e produzir inúmeros discos de sua esposa e da banda Rocket Scientists.
Seu segundo álbum solo, Into The Sunset (2000), varia entre o hard e o progressivo sem problemas.
Por ser um álbum solo de um excelente tecladista deve agradar também aos fãs de rock progressivo, por conter vários clichês do estilo.
Não há muitas novidades nesse Into The Sunset, o disco não é nenhuma maravilha, mas como o mercado está escasso de bons tecladistas, ainda mais daqueles fiés aos timbres setentistas, acho que vale a pena dar uma conferida no trabalho desse músico, principalmente em músicas como Fly, Dreamcurrents, com arranjo muito bonito de violoncelo, e On The Wings Of Ghosts.
Glenn Hughes e Lana Lane cantam na música Rome Is Burning e o álbum tem a participação de Tony Franklin (baixo), Greg Ellis (bateria), Arjen Lucassen (guitarra), Cameron Stone (violoncelo), entre outros.
No ano de 2008 Erik Norlander participou da outra "perna" do Asia, chamado Asia Featuring John Payne, enquanto o "outro" Asia com sua formação original excursionou e lançou o play Phoenix (2008).

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Rainbow - Rising











O Rainbow foi a melhor coisa que pôde acontecer na vida do guitarrista Ritchie Blackmore, indiscutivelmente um dos maiores do mundo.
Finalmente ele formou uma banda onde podia despedir e contratar quem ele quisesse, uma de suas especialidades além de tocar (muito bem) guitarra.
Insatisfeito com a tendência funk adotada pelo pessoal do Deep Purple em Stormbringer (1974), no ano seguinte lançou seu primeiro álbum solo ainda no Deep Purple, Ritchie Blackmore's Rainbow - primeiro passo para deixar o Deep Purple.
Assim que deixou a banda em 1975, assumiu de vez o Rainbow e começou com tudo: mandou quase todo mundo embora e manteve somente o vocalista, um tal de Ronald Padavona, mais conhecido por onze entre dez headbangers como Ronnie James Dio, um baixinho que mais parece um gnomo, porém dono de um gogó de fazer inveja a dezenas de vocalistas de bandecas que se dizem porta-vozes do metal mundial.
Ritchie Blackmore não se fez de rogado e contratou uma turma de peso para fazer aquele que considero um dos mais importantes (talvez o mais) discos de hard 'n' heavy de todos os tempos: Rising (1976).
A turma era nada mais e nada menos que o incrível Cozy Powell (bateria), Jimmy Bain (baixo), Tony Carey (teclados), além de Dio nos vocais.
Rising é o disco de hard mais emocionante e legal que já ouvi em toda minha vida. Dificilmente existirá para mim um trabalho tão conciso e lotado de idéias e sacadas legais como este possui, a começar pela capa, uma gravura primorosa de Ken Kelly.
Meu primo Celinho gostava tanto dessa capa que até mandou pintá-la no tanque de sua Harley Davidson nos idos dos anos 80.
Mas não pára por aí. É claro que naquele momento muitas bandas incríveis despontavam, como o UFO e o Rush, portanto a concorrência era fortíssima. Blackmore então saiu na frente e contratou a orquestra filarmônica de Munique para tocar em Stargazer, um verdadeiro épico do hard setentista, com um trabalho lindíssimo da orquestra e solos simplesmente avassaladores de nosso guitar hero. Sem falar do riff ganchudo da música que me arrepia até a alma!!
Tony Carey rouba a cena com seus Mini-Moogs na introdução suntuosa do disco em Tarot Woman, seguido pela guitarra de Blackmore que "chama" a música. Cozy Powell... hã, escrever o quê desse cara? Ora simplista, ora extremamente técnico, com uma pegada violenta e pesada, precisa. Cozy Powell tinha uma força de cem toneladas em cada mão, seria capaz de destruir cinco carros empilhados nos dias de hoje com uma única baquetada não fosse um trágico acidente automobilístico que tirou sua vida.
Pura bateção de cabeça: Starstruck, A Light In The Black e Do You Close Your Eyes.
Rising lançou as bases para aquilo que é chamado hoje em dia de metal melódico. Uma pena que não entenderam muito bem a mensagem do disco pois Blackmore & cia. nunca deixaram de lado suas raízes rock and roll, taí o diferencial do disco.
O Rainbow e o metal seguiram em frente mas a magia de Rising nunca mais se repetiu e nem deveria porque obras-primas não nascem em árvores.

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Fat Mattress - Fat Mattress


Noel Redding, ex-baixista do Jimi Hendrix Experience, formou o Fat Mattress em 1968, antes mesmo de deixar o Jimi Hendrix Experience.
Gravaram apenas dois discos, Fat Mattress (1969) e Fat Mattress II (1970), quando a banda acabou e Noel Redding partiu para outros projetos.
O Fat Mattress abriu mais oportunidades para Noel Redding, como cantar e tocar guitarra, ao lado do vocalista Neil Landon, o multi-instrumentista Jim Leverton e o baterista Eric Dillon.
A banda apresentou-se na segunda edição do festival da ilha de Wight, em 1969, ao lado de Bob Dylan, The Who, The Band, Nice, Free, Family e outros.
Fat Mattress, o primeiro álbum, passeia entre o rock, folk e psicodélico. Conta ainda com as participações de Chris Wood (flauta) e Mitch Mitchell (percussão). Para quem é fã de Jimi Hendrix e gosta de "fuçar" a carreira dele, vale a pena ouvir seu então baixista nessa empreitada muito legal, em músicas datadas demais, por isso empolgantes como Little Girl In White, All Night Drinker, Mister Moonshine e o hardão Cold Wall Of Stone.
Curiosidade: Martin Barre, guitarrista do Jethro Tull, chegou a participar temporariamente do Fat Mattress.

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If - If




O If é uma banda inglesa de rock progressivo fortemente influenciada pelo jazz. Surgida em 1969, sua produção foi de oito álbuns até o ano de 1975, quando encerrou suas atividades.
Na verdade não sei se é apropriado classificá-los como rock progressivo tamanha influência do jazz em sua música, mas tenho certeza que pela proximidade com o rock vai agradar muito aos fãs do estilo.
A banda tinha um grande diferencial por contar em sua formação dois saxofonistas, Dick Morrissey (que também era flautista) e Dave Quincy. Esse tipo de formação injetava muito gás à sonoridade do If, que também contava com J.W. Hodkinson (vocais), John Mealing (teclados), Daryl Runswick (baixo), Terry Smith (guitarra) e Dennis Elliott (bateria).
Essa formação gravou seu debut, intitulado simplesmente If (1970), um grande álbum cuja sonoridade agradável se vale e muito pela presença dos dois saxofones e timbragem que nada agride aos ouvidos, pelo contrário, o guitarrista Terry Smith por exemplo faz uso de uma guitarra limpa, sem muitos efeitos, talvez até uma Gibson semi-acústica.
Em 1972 Dick Morrisey foi obrigado a se retirar dos palcos devido a problemas de saúde, mas continuou gravando os discos do If, apesar de não conseguir repetir a mesma formação em cada um deles.
O mínimo que posso escrever a respeito de If, o álbum, é arrepiante e delicioso. O mix de metais e jazz-rock desenvolvido pela banda é extremamente agradável, como em Woman Can You See (What This Big Thing Is All About)? ou What Did I Say About That Box, Jack?

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segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Martha Veléz - Fiends & Angels




Com todo respeito meu caro amigo e amiga, mas se você é apaixonado por blues e rock and roll e não baixar imediatamente esse Fiends & Angels (1969) de Martha Veléz será um grande zé ruela!!
Pra começar, saca só a galera que toca com essa gata: Eric Clapton (guitarra), Jack Bruce e Gary Thain (baixo), Mitch Mitchell (bateria), Brian Auger (teclados) e outros.
Nascida em Nova Iorque, além de cantora também trabalhou no cinema nas décadas de 80 e 90.
Na verdade, não sei nada a respeito dessa vocalista, portanto, se alguém puder complementar com mais informações eu agradeço.
Infelizmente só consegui esse arquivo ripado de vinil, com qualidade bem razoável, mas o infeliz que fez o grande favor à humanidade em ripar o vinil também não se deu conta de que o disco estava riscado na nona música, It Takes A Lot To Laugh, It Takes A Train To Cry. Completa falta de atenção e capricho com esse trabalho fantástico, precioso e de valor histórico inestimável, por contar com músicos de altíissimo gabarito e a voz maravilhosa de Martha Veléz.
Enquanto escrevo essas palavras, estou curtindo o groove de Feel So Bad... MUITO LOUCO!!!

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Ira! - Psicoacústica



















Dizem por aí que o Ira! é a mais paulistana de todas as bandas. Vou além: o Ira! é a mais comprometida de todas as bandas.
Também é clichê dizer que é a banda underground mais bem sucedida. Balela. O Ira! gostou da fama, principalmente depois de passarem por uma fase aparentemente difícil, com o lançamento de Música Calma Para Pessoas Nervosas (1993) e 7 (1996).
O Ira! foi uma banda underground no começo de sua carreira mas o sucesso foi inevitável, ainda mais depois que aderiram ao formato mais que manjado "ao vivo na MTV" e "acústico MTV".
É aquela velha história: é a bênção que aparentemente todas as grandes bandas da atualidade têm que tomar.
Não que eu ache ruim, mas só não entendo como conseguiram acabar com a banda depois de conquistarem o apogeu do sucesso. Talvez seja isso, o maldito sucesso...
Ainda assim continuo achando o Ira! a mais fiel de todas as bandas nacionais, a mais honesta e singela.
Psicoacústica (1988) é o terceiro álbum do Ira!, é o melhor de sua carreira pouco oscilante. Vou além: Psicoacústica é o melhor dos poucos discos do rock brazuca dos anos 80 que valem a pena serem citados, que me desculpem os fãs de Barão Vermelho, Legião Urbana e outros.
Antes que eu seja surrado, serei bastante específico: o Barão Vermelho foi uma banda "pré-fabricada" pelo pai de Cazuza, João Araújo, produtor fonográfico da Som Livre. Ficou ótima depois que o Frejat assumiu a bronca.
Renato Russo virou mártir depois que faleceu e não gosto disso. A mídia brasileira tem a mania de escolher um único indivíduo para associar a ele todos os valores pessoais e artísticos, deixando de lado pelo menos uma dezena de outros músicos e artistas de igual ou maior importância. Também não gosto disso, apesar de considerar o Renato Russo um ótimo cantor e compositor.
Então pergunto: porque será que as grandes emissoras de TV não fazem "especiais" sobra a obra de Arnaldo Dias Baptista, um de nossos grandes heróis vivo, que tanto contribuiu para a história do rock no Brasil em tempos dificílimos?
Faço essa observação para lembrar que Nasi (vocais), Ricardo Gaspa (baixo), André Jung (bateria) e Edgard Scandurra (guitarra) são músicos de altíssimo nível, importantíssimos para a história recente do rock brasileiro.
E foram além com Psicoacústica: quebraram as barreiras do insosso rock anos 80, quando a agulha pousou sobre os sulcos do vinil e dos alto-falantes saíram preciosidades inesquecíveis como Pegue Essa Arma, Rubro Zorro, Farto Do Rock'n'Roll, e a canção que me faz lembrar o "grau" em que eu chegava em casa nos fins de semana, Manhãs De Domingo, um hino do rock para mim, onde Edgard Scandurra destrói e reconstrói a guitarra (como sempre).
Canhoto, um legítimo filhote de Jimi Hendrix.
Depois de Psicoacústica nunca mais o rock brasileiro foi o mesmo - nem diferente. As bandas consideradas grandes são uma merda e as grandes pérolas continuam nas garagens ou tocando em pequenos festivais sem nenhum tipo de apoio, infelizmente.
Certa vez uma grande banda underground fez um clássico. O disco chamava Psicoacústica e a banda, Ira!

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domingo, 28 de dezembro de 2008

Freddie King - Burglar / Larger Than Life




Sonzeira, sonzeira, sonzeira!! Meu Deus, isso aqui é pras cabeças, esse som é bom demais!!
O texano Freedie King mudou-se para Chicago em 1950 onde conheceu e tocou com grandes nomes do circuito do blues da época e possui uma vasta discografia desde seus primeiros anos na gravadora Federal Label até seus últimos momentos na Shelter Records.
Aqui estão postados seus dois últimos trabalhos lançados pela Shelter Records, Burglar (1974) e Larger Than Life (1975). Conheci Burglar através de meu grande amigo Marcelo Bola, que vive desenterrando uma ossada melhor que outra.
Recentemente estava em um churrasco na chácara de meu amigo Marinho Zamarian e entre uma cerveja e outra ele rolou a bolachinha do Freddie King.
Caramaba, chapei o coco naquela tarde! Ouvi com outros "olhos" esse play e aí então me dei conta do quanto esse disco é excelente e a atmosfera que envolve a audição desse belíssimo trabalho.
Freddie King faleceu em 1976 vítima de ataque cardíaco, aos 42 anos de idade, deixando uma imensa discografia e esses dois últimos petardos do blues.
Muito mais que blues, Burglar tem um groove violento, arrepiante e contagiante, com uma guitarra inacreditavelmente ardente.
Quando escuto esse play posso sentir as labaredas de fogo saindo pelas caixas acústicas, tamanha empolgação e supra-sumo que essa maravilha do blues setentista proporciona.
É um pecado ouví-lo sem convidar a turma para tomar uma cerveja junto e curtir cada faixa do disco.
Blues com pitadas de soul, funk e jazz em pleno ano de 1974 fazem de Burglar pura alegria e feeling à flor da pele.
Se não, ouça Sugar Sweet, Pack It Up, She's A Burglar, I Got The Same Old Blues, Texas Flyer ou My Credit Didn't Go Through e diga que ficou estático, sem balançar o esqueleto.
Larger Than Life é um mix de músicas gravadas ao vivo em um concerto em Armadillo e outras em estúdio. Não é tão brilhante quanto o antecessor, mas é muito bom também, vale a pena conferir. No pior das hipóteses, vai como bônus mp3 do Burglar.

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The Watch - Primitive







Primitive (2007) é o terceiro disco dessa excelente banda italiana de rock progressivo.
É impressionante como a Itália produz ano a ano inúmeras bandas fiéis ao estilo consagrado nos 70's e, de uma forma geral, com qualidade inquestionável.
The Watch faz parte desse seleto grupo e Primitive é seu terceiro trabalho de estúdio, curiosamente cantado em inglês, haja visto que boa parte dos grupos italianos de progressivo fazem questão de cantar em sua língua natal, propriedade que considero muito interessante, valorizando as raízes culturais de sua produção.
Independente de qualquer questão, o que me chamou muito a atenção é o fato do Watch ter uma influência muito grande da sonoridade do Genesis era-Peter Gabriel.
Talvez essa sonoridade esteja tão próxima do Genêsis quanto seu maior influente nunca esteve, o Marillion.
Formado por Simone Rossetti (vocais e fauta), Giorgio Gabriel (guitarras), Cristiano Roversi (baixo e chapman grand stick), Fabio Mancini (teclados) e Marco Fabbri (bateria), o Whatch teve seu primeiro trabalho, Ghost, lançado em 2001 e, desde então, mantém-se na ativa com uma sonoridade atualíssima e prima pela grande qualidade, podendo agradar tranquilamente aos mais aficcionados e exigentes fãs de rock progressivo.
Grandes temas como Two Paces To The Rear, When I Was A Tree e Another Life fazem de Primitive uma das grandes surpresas do progressivo atual, desvencilhando-se da idéia de que rock progressivo tem que ser pesado para angariar novos adeptos, vide o banalisado e xarope progmetal.

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Derringer, Bogert & Appice - Doin' Business As...







Doin' Business As... (2001) é o encontro pesadão de Rick Derringer (guitarra e vocais), Tim Bogert (baixo e vocais) e Carmine Appice (bateria).
Derringer trabahou com Johnny Winter e produziu Kiss, Meat Loaf e Cyndi Lauper (argh!). Bogert e Appice são eternos "cozinheiros", desde os tempos do Vanilla Fudge, Jeff Beck, Cactus e por aí vai.
A bolachinha apresenta um hardão setentista mas não deixando de lado uma sonoridade moderna, cheia de virtuosismo típico do encontro de Tim Bogert e Appice. Apesar de quase na casa dos sessenta, o trio até assusta em algumas músicas bem pesadas como The Sky Is Falling, Grey Day, Everybody's Comin', com um groove absurdamente pesadão e delicioso, Telling Me Lies, Boys Night Out e Alone Now, onde Tim Bogert simplesmente detona com seus vocais incríveis em um blusão de arrasar quarteirão.
Rick Derringer é um pouco mais novo que Bogert e Appice, mas posso dizer que esses tiozões fazem um rock and roll de prima, ganchudo, com muita raça e peso, bem melhor que muito moleque de dezoito anos poderia fazer.
Porrada na orelha, maluco!
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The Jimmy Rogers All-Stars - Blues Blues Blues

























Jimmy Rogers foi homenageado por vários músicos fantásticos nesse Blues Blues Blues (1998), como nada mais e nada menos que Eric Clapton, Jeff Healey, Mick Jagger e Keith Richards, Taj Mahal, Jimmy Page e Robert Plant, Stephen Stills, dentre outros.
Faleceu aos 73 anos em dezembro de 1997, um pouco antes de Blues Blues Blues ter sido lançado. Infelizmente quis o destino que esse monstro do blues de Chicago não visse o CD nas prateleiras das lojas, prontíssimo para ser degustado como um autêntico bourbon.
Rogers trabalhou com os maiores nomes do blues, gente como Muddy Waters e Howling Wolf e após seguiu carreira solo. Durante os anos 60, por dez anos retirou-se do mundo da música, tendo trabalhado como taxista e dono de uma loja de roupas, até que em 1968 sua loja foi queimada durante os motins causados pela morte de Martin Luther King.
Voltou a se apresentar em 1971 e em 1995 foi incluído no Blues Hall Of Fame.
Blues Blues Blues é uma belíssima homenagem em vida, onde Jimmy Rogers é acompanhado em todas as músicas por músicos incríveis, tocando coisas incríveis como Blow Wind Blow (com Jeff Healey), Trouble No More, Don't Start Me To Talkin' e Goin' Away Baby (com Jagger e Richards), Sweet Home Chicago (com Stephen Stills, uma de minhas favoritas), e a muito louca, chapadeira Gonna Shoot You Right Down (Boom Boom), ao lado de Jimmy Page, Robert Plant e Eric Clapton. Não preciso escrever mais nada.

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sábado, 27 de dezembro de 2008

Eddie Hardin - Wizard's Convention







Esse disco é um pé no saco e vou explicar o porquê: quem é fanático por Deep Purple está careca de saber que seus integrantes e ex-integrantes participaram e ainda participam de inúmeras bandas e projetos, dentro e fora do Deep Purple.
Pois bem. Esse Wizard's Convention (1976) é um projeto de Eddie Hardin, tecladista e vocalista, ex-integrante do Spencer Davis Group e amigo da turma do Purple, que após colaborar em Butterfly Ball (1975) do baixista Roger Glover, resolveu fazer esse trabalho solo contando com a participação de inúmeros ilustres, como o guitarrista Ray Fenwick, o próprio Roger Glover, Glenn Hughes e David Coverdale nos vocais, Jon Lord e Tony Ashton nos teclados e Pete York na batera, dentre outros.
Comecei a resenha dizendo que o disco é um pé no saco não por sua qualidade. O disco não é nenhuma obra-prima mas é muito bom e legal, e tem uma importância histórica incrível por reunir uma galera de peso em um trabalho muito agradável.
O problema desse disco é que, como eu, várias pessoas devem tê-lo procurado na internet e não o encontrou.
Eu mesmo cansei de procurar algum link para download através do Google e não encontrei nada que apontasse para algum blog ou algo parecido. Apelei para o EMule e passei horas fazendo o download.
Portanto, para quem também cansou de procurar por esse Wizard's Convention, seus problemas acabaram! Desfrute desse encontro histórico de vários músicos que ajudaram a escrever a história do incrível Deep Purple, participando ou não de suas formações.
Capitaneado por Eddie Hardin, Wizard's Convention retrata muito bem a amizade e colaboração de vários músicos, desde que seus royalties sejam pagos, é claro.

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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Jimi Hendrix Experience - Electric Ladyland





































É muito difícil para mim, falar de Jimi Hendrix. É como se eu falasse de um irmão que se foi a muito tempo.
Não sei se estou exagerando, mas quando escrevo no Câmara é mais do que um canal de comunicação para mim: quero compartilhar com as pessoas que falam a língua portuguesa tudo aquilo que sinto em relação a música.
Mais do que simplesmente disponibilizar um link para download, gostaria que mais e mais pessoas desfrutassem dos prazeres da audição que um bom álbum proporciona.
Electric Laydland (1968) é muito mais que um "bom álbum", é "o álbum".
Talvez, o mais importante da música pop. Digo música pop para diferenciar entre os gêneros mais conhcidos, como o jazz e o erudito.
Para mim, Jimi Hendrix é tão importante quanto Miles Davis é para o jazz ou Tchaikovsky para a música erudita.
Para mim existem dois mundos: aquele antes de Jimi Hendrix e outro após Jimi Hendrix.
Muito mais que um excelente guitarrista, Jimi Hendrix foi o visionário, o experimentalista, o inovador, o cara bacana que todos gostavam.
Abaixo de toda sua humildade estava o ser-humano, explorado pela indústria fonográfica e do show business, tendo que fazer trezentos shows em um único mês para saciar o ganância de seus empresários.
Isso matou Jimi Hendrix, foi a corda que jogaram para ele se enforcar, e isso dói.
Podíamos tê-lo até hoje não fosse a falta de planejamento e sensibilidade de seus managers.
Isso se reflete claramente em Electric Ladyland, um álbum planejado até certo ponto e que após, veio o improviso em todos os sentidos, para complementar o trabalho.
Histórias e mais histórias permeiam o mundo da música mas a de Electric Ladyland pode ser a mais bela e a mais triste. São vários capítulos que contam a construção desse disco, como o episódio em que Hendrix descobriu que o motorista de um táxi era percussionista e convidou o sujeito para fazer umas jams no estúdio com ele... ou a de Noel Redding que abandonou as sessões de gravação insatisfeito com tanta esbórnia que rolava... enfim, nada que não esteja relatado no vídeo Classic Albums: Electric Ladyland.
Não vou citar nenhum destaque desse trabalho, apenas aquelas músicas que mais me tocam, como Have You Ever Been (To Electric Ladyland), Voodoo Chile, Burning The Midnight Lamp, 1983...(A Merman I Should Turn To Be) e Still Raining,Still Dreaming.
Me desculpe pela falta de informações adequadas sobre o disco, mas se você quiser obtê-las de maneira completa, assista ao vídeo mencionado ou acesse o Wikipedia.
Agora, se você quiser descobrir esse diamante do mundo da música conteporânea, acesse o link, baixe-o e deguste com atenção e coração. Faça isso porque nada melhor que escutá-lo do que ficar lendo uma resenha medíocre. Tenha sua própria impressão a respeito.
Enquanto escrevo para o Câmara, estou ouvindo 1983 e não entendendo como esse cara desapareceu de nosso mundo... existem coisas que ninguém pode explicar e a ausência faz doer.
Obs.: detesto a capa que a família Hendrix diz ser a planejada por Hendrix. Prefiro essa original com a mulherada pelada, claro.
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David Cross - Closer Than Skin








O violinista e tecladista David Cross (não confundam com um panaca imbecil de mesmo nome) foi um dos responsáveis pela construção musical avassaladora do King Crimson entre os anos de 1972/74.
Depois de alguns álbuns solo muito bons por sinal, David Cross juntou uma moçada e fez esse excelente Closer Than Skin em 2005, um verdadeiro rolo compressor do rock progressivo atual.
Tá certo que a mixagem final é estranha, meio abafada, mas o disco é bom demais, contando com músicos excelentes e um vocalista de timbre bastante interessante.
David Cross não economizou técnica em Closer Than Skin, colocando-o entre os grandes violinistas da atualidade tal qual um Jean-Luc Ponty da vida, sem exagero algum.
States Of Deception, Only Fooling, Counting, Valley Of The Kings e Anybody são grandes destaques desse excelente trabalho de David Cross, que pode até não agradar os mais saudosistas por sua sonoridade bem atual - taí um ponto positivo de Cross, que soube modernizar seu som, tal qual sua antiga banda o fez e ainda faz.
Os músicos que o acompanham nessa jornada são: Arch Stanton (vocais), Lloyd (bateria), Mick Paul (baixo) e Paul Clark (guitarra).

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