Os princípios do Câmara de Eco.

A finalidade do Câmara de Eco é funcionar como modesta referência para aqueles que procuram novos e velhos sons, publicando informações e indicando bons trabalhos merecedores de audição mais atenta.
Da mesma forma que um amigo empresta um CD a outro, faço questão de apresentar a você, internauta amigo e amiga, boas amostras de rock, jazz, progressivo, blues e folk, e com isso, espero, possamos divulgar a música vista como forma de arte e não como um produto qualquer dentro de uma caixinha acrílica.
Abraços e boa diversão!
Lucon

sábado, 25 de abril de 2009

Atenção bandas de rock progressivo, blues, hard e rock and roll.


Se você integra alguma banda de rock progressivo, blues, hard setentisa ou rock and roll e gostaria de divulgar a mesma, entre em contato conosco pelo e-mail ricalucon@ig.com.br.
O Câmara de Eco é um blog muito pequeno mas tem o maior interesse em apresentar novas bandas que se enquadram em nossa ideologia, SEM FINS LUCRATIVOS.
- envie um release da banda com três fotos (mínimo de 300 pixels X 300 pixels);
- se quiser disponibilizar algum álbum, gravação de ensaio ou registro de show no formato mp3, faça o mesmo acompanhado de autorização via e-mail (as leis brasileiras e americanas não permitem a troca de arquivos em mp3 na internet);
- a postagem compreenderá uma pequena entrevista com 5 ou 7 questões, mas é importante que algum material de áudio de BOA QUALIDADE seja enviado para audição, mesmo que não seja para divulgação.
O Câmara NÃO DISPONIBILIZARÁ seus arquivos em mp3 sem sua autorização.
Vamos unir forças para divulgar a boa música entre as pessoas. Esse é mais um esforço do Câmara de Eco para ouvirmos novos sons.
Não quero apenas compartilhar mp3. Quero participar de algo maior que ainda está por vir.
Ricardo Lucon - Câmara de Eco

The Doors - Full Circle / Other Voices



























Me perdoem os fãs de Doors e espero não ser linchado por isso, mas colocaria Doors, Kiss e Queen (com exceção dos dois A Day.. e A Night...) na Challenger tranquilamente e isso é gosto pessoal, portanto não reproduz exatamente a qualidade e a importância de cada banda mencionada.
Opinião pessoal, agora: o Doors era péssimo ao vivo, centralizava suas forças erroneamente na figura de Jim Morrison, um vocalista que mal conseguia parar em pé nos shows, cantava bem mas não tinha controle sobre absolutamente nada, nem em seu cachorro, o Duke. Ou seja, a banda vivia em função dele.
Alguém se importava com Ray Manzarek (teclados), John Densmore (bateria) e Robby Krieger (guitarra)? Claro que não. Todas as lentes estavam voltadas para o mimado Jim Morrison.
O cara era bom? Lógico que era, desde que sóbrio, mas essa era uma condição menos provável do que eu ou você ganharmos sozinhos na Mega Sena na próxima quarta-feira.
O pior de tudo é que ninguém pode falar mal dele em qualquer tipo de media. Parece até uma espécie de censura, "o cara é um deus e ponto final, não se fala mais nisso".
E a coisa piorou nos anos 90 quando o excelente Oliver Stone resolveu trazer para as telas do cinema a biografia da banda. Aí a coisa desandou de vez, o sujeito virou mártir.
Serei muito sincero: prefiro fumar um cigarro do capeta e ouvir Snegs, do Som Nosso de Cada Dia, do que qualquer registro do Doors.
Essa postagem mostra que houve sim, vida após Jim Morrison. O trio remanescente lançou o ótimo Other Voices em 1971 e o confuso Full Circle em 1972, aí a banda quase encerrou as atividades eternamente, a não ser por seu retorno há alguns anos atrás com o vocalista do Cult, que já deixou a banda.
Aí você me pergunta: "você não gosta de Jim Morrison, correto?" E eu respondo: "não gosto, mas prefiro ver a banda tocando num palco com um 'jumbotrom" exibindo as imagens de Jim Morrison cantando, assim como fez Natalie Cole & Nat King Cole há alguns anos, do que pagar 200 paus pelo show do 'The Doors atual' em Ribeirão Preto".
Ouvir The Mosquito e The Piano Bird em CD já satisfaz bastante, mesmo sem o "mago" Jim Morrison.


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Jack Bruce - BBC Big Band Birmingham Town Hall UK, Friday 14 November 2008






















Essa é uma tendência natural do Câmara de Eco, resolvi disparar uma série de bootlegs bacanas para que você possa se divertir sozinho, com os amigos ou com o companheiro ou companheira.
No meio desse punhado de registros maravilhosos encontrei um do Jack Bruce com uma big band de muito respeito, nomeada simplesmente Big Band Special.
Gravado em 14 de novembro de 2008 e transmitido pela BBC Radio 2 em 1 de dezembro, apresenta uma qualidade sonora simplesmente perfeita e um Jack Bruce com seu baixo e voz sempre emocionantes, com seu novo fígado que, graças à Deus, lhe proporcionou nova possibilidade de vida para presentear seus eternos fãs.
Acredito que Jack Bruce nunca esteve tão presente na media como nos últimos quatro ou cinco anos e vou além: está tocando e cantando como nunca, basta ouví-lo em Smiles And Grins, por exemplo.
A presença da orquestra deu um charme todo especial à sua sonoridade e fazendo uma comparação rápida entre os registros originais e essas gravações ao vivo, daria mesmo para dizer que Bruce compôs as canções originais com uma complexidade hamônica inigualável, pensando no acompanhamento de cordas e metais, explícitas agora com o auxílio de uma big band.
Bruce presenteia seu público com clássicos absolutos e singelos como Deserted Cities Of The Heart, Theme From A Imaginary Western, Born Under A Bad Sign e White Room, com um arranjo caribenho delicioso e diferente.
E olhe só, Jack Bruce não está nadando na grana. Reza a lenda que os concertos do Cream em 2005 serviram para levantar fundos para seu transplante de fígado.
Pra finalizar, um tal de Mitch Mitchell é o batera em Sunshine Of Your Love...
Como diz o querido Raul Gil, eu tiro o chapéu fácil para esse eterno herói das quatro cordas e vocais, sempre. Vida longa, Jack Bruce!

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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Armaggedon - Armaggedon (Alemanha)




Essa eu fiz de "sacanagem" mas não querendo sacanear ninguém, pelo contrário, a proximidade com a postagem anterior foi mesmo para diferenciar o Armageddon britânico do Armaggedon alemão, progressivo, com alguma influência de hard incipiente, viajandão, com músicas cantadas em inglês e com dois "g's" em seu nome.
Pra falar a verdade, é difícil definir a banda como progressiva pois se trata de mais um exemplo de sonoridade que varia entre o progressivo e o hard.
Composto por apenas seis faixas, o auto-intitulado trabalho do grupo é seu único registro e foi lançado em 1970 trazendo dois covers incríveis, o primeiro, Rice Pudding do Jeff Beck Group, com seus quase dez minutos de duração e o segundo, Better By You, Better Than Me, do Spooky Tooth.
Entre as músicas compostas pela banda há Oh Man, com seu riff ganchudo e o engraçado e carregado sotaque alemão dos vocais, além da timbragem quente da guitarra.
A banda era formada pelo guitarrista e vocalista Frank Diez, os multi-instrumentistas Manfred Galatik (teclados, baixo e vocais) e Michael Nürnberg (baixo e guitarra), e o baterista Jürgen Lorenzen.
Após a dissolução da banda, o guitarrista Frank Diez partiu para o jazz-rock com a banda Emergency e o Armaggedon caiu no esquecimento... mas não aqui no Câmara!

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Armageddon - Armageddon (Inglaterra/EUA)




Faz tempo que estou devendo a vocês um álbum de hardão setentista, daqueles de chutar o pau da barraca.
O Armageddon (com dois "d's") foi a última cartada do vocalista Keith Relf, que anos antes havia participado do Yardbirds e da primeira formação do Renaissance.
Desiludido e insatisfeito com o showbusiness, Relf e dois companheiros de Steamhammer (uma banda sem expressão do qual participou) foram para Los Angeles e convidaram o ex-batera do Captain Beyond, Bobby Caldwell, para formarem o Armageddon, pautado nas bases hard que surgira na primeira metade dos anos 70.
Se você é fã de Captain Beyond, principalmente do primeiro álbum, verá uma luz no fim do túnel com esse Armageddon (1975), único trabalho dos caras.
Hard intrincado, inteligente e porque não, genial. Keith Relf abandona as raízes bluseiras que o projetou com o Yardbirds e cai de cabeça no hardão vigoroso e sem teclados. O guitarrista Martin Pugh detona em bases e solos muito eficientes e com timbragens alucinantes enquanto Louis Cennamo segura a onda com seu baixão gordo, formando a cozinha ao lado de Bobby Caldwell, um monstro da batera setentista e muito pouco citado nos dias atuais.
Apesar da boa recepção ao álbum, a banda fez poucos shows e consequentemente a grana acabou e a banda também. Keith Relf voltou doente para a Inglaterra e ainda tendo problemas com as drogas. Faleceu em 14 de maio de 76 vítima de uma descarga elétrica da guitarra enquanto ensaiava para uma reunião dos integrantes originais do Renaissance, que chamaria Illusion.
O disco é perfeito, nota 10, mas devo destacar a pequena suite Basking In The White Of The Midnight Sun, dividida em três partes. Pura bateção de cabeça!
Ecos de um passado ousado e muito criativo, dos tempos que não bastava ser bom músico, o sujeito tinha que ser também um visionário.

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Heaven & Hell - The Devil You Know





















Aproveitando a vinda do Black Sabbath... ops! Heaven & Hell... ao Brasil, agora em maio, decidi postar o lançamento dessa formação que desde Dehumanizer (1992) não apresentava algo novo aos seus fãs e, se não falhe minha lesada memória, nem haviam se reunido nos palcos desde aqueles tempos.
De princípio o batera original do Sabbath, Bill Ward, até participaria dessa reunião, mas saiu antes da turnê, que começou em 11 de março de 2007 em Vancouver, Canadá.
Para não confundir os fãs, já que oficialmente o Black Sabbath ainda existe, resolveram nomear essa banda de Heaven & Hell, título do álbum de 1980 que contou com Ward na batera e substituído na turnê por Vinny Appice, mais ou menos o que aconteceu atualmente, mas nesse caso, Ward só gravou três novas músicas e não sei dizer se seus takes foram aproveitados em The Devil You Know (2009).
Não quero entrar naquela velha questão "se Sabbath é melhor com Dio ou com Ozzy" mesmo porque essa ladainha é um pé no saco. O fato é que Devil You Know é uma verdadeira aula de som pesado e sem exageros, depois de tanta porcaria de metal melódico, coloca novamente o heavy metal sobre os trilhos.
Impossível não se emocionar com a velha dupla Dio e Tony Iommi juntos novamente, sem contar o baixão preciso e poderoso do sempre mestre Geezer Butler.
Destaque imediato para Fear, Neverwhere, Follow The Tears, The Turn Of The Screw, Rock And Roll Angel (que porrada!), e a melhor do disco, Bible Black.
Camarada, foi preciso o vovô Iommi & cia. voltar à cena mais uma vez para aumentar a conta bancária, claro, mas também ensinar a molecada de hoje como fazer o mais puro e fiel metal, sem frescuras e viadagens, assim como já fizeram em 92.
Boa sorte ao Heaven & Hell e muitos aplausos por sua fidelidade sonora. Ouvir The Devil You Know é uma ótima viajem ao passado, sem tirar os olhos do presente.

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Keith Emerson, Glenn Hughes & Marc Bonilla - Boys Club Live From California 1998





















Esse é um encontro sensacional e improvável de Keith Emerson (ELP) e Glenn Hughes (ex-Deep Purple) no ano de 1998.
Glenn Hughes, como sempre, esbanja técnica e talento com sua voz marcante (aqui ele não toca baixo, que ficou a cargo de Bob Birch e Mick Mahan). O guitarrista Marc Bonilla, que acompanhou Hughes em seu álbum Addiction de 1996, se apresenta muito bem, mesmo tendo ao seu lado nas harmonias e solos um tecladista mais que genial, o célebre Keith Emerson, que dispensa comentários.
Acompanhados pelo guitarrista Mike Wallace, pelo tecladista Ed Roth e pelo batera Joe Travers, o trio mencionado desfila um apanhadão legal e bem interessante de músicas tanto quanto: Hoedown, Nutrocker e Tarkus (completa!) do ELP, A Whiter Shade Of Pale (Procol Harum) e Dreams (muito louca!), do Allman Brothers, entre outras legais de Marc Bonilla.
Pode não ser um espetáculo de disco ao vivo, mas só o fato de unir duas figuras marcantes do rock and roll tocando músicas bem prováveis e outras muito improváveis, já vale a pena.

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quarta-feira, 22 de abril de 2009

Três ótimos bootlegs do ELP pra fazer a cabeça!

Aproveitando o gancho da postagem anterior, eis aqui três dos melhores bootlegs que conheço até o presente momento, do incrível trio Emerson Lake & Palmer. Certa vez escrevi por aqui que não tenho saco para bootleg mal gravado, mas quem gosta de desenterrar esses ossos sabe melhor que eu que até encontrarmos um bootleg bem gravado, é preciso comprar ou baixar muitos de péssima qualidade.
Então, para não perder seu tempo (e tempo é dinheiro), aqui estão três bootlegs realmente gravados da mesa de som (soundboard).
O primeiro é o Works On The Road, registrado em 20 de novembro de 1977 no Mid-South Coliseum, em Memphis, EUA, e capta o trio dez dias depois do lançamento de Works Volume 2, sem o acompanhamento de orquestra.
Gravação perfeita e cristalina, com baixíssimo ruído da platéia. O repertório é bem parecido com o de In Concert (1979), mas esse Works On The Road apresenta algumas surpresas muito legais como os 17 minutos de Tarkus, Hoedown, Take A Pebble, Lucky Man, Nutrocker e Pirates, ou seja, músicas que não estão no disco oficial citado.
Temos também dois boots da turnê de 1993 que visitou a América do Sul: Estadio Chile, gravado em Santiago, Chile, em 01 de abril e Historical At An Exhibition, em Buenos Aires, Argentina, no dia 05 do mesmo mês.
Com muito boa qualidade, o repertório dos dois shows é parecido com o de Live At Royal Albert Hall (1993) a não ser pela inclusão de From The Beginning, C'est La Vie, Honky Tonk Train Blues, Touch And Go, Hoedown e Pictures At An Exhibition.
Você deve se perguntar o porque insisto em procurar bons bootlegs? Porque nada supera a emoção em ouvir a explosão da platéia chilena assim que o trio inicia Tarkus.

Works On The Road (1977) Parte 1 / Parte 2 / Parte 3
Estadio Chile (1993) Link.
Historical At An Exhibition (1993) Parte 1 / Parte 2 / Parte 3

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domingo, 19 de abril de 2009

O Elo Perdido do ELP: The Original Bootleg Series From The Manticore Vaults Vol 1, 2 & 3

Até que a discografia oficial do ELP oferece uma boa cobertura quando falamos dos discos ao vivo da banda, principalmente das turnês da década de 90. Mas do período mais criativo do grupo, compreendido entre os anos de 1971 e 1973, não há absolutamente nenhum registro oficial.
Com exceção de Pictures At An Exhibition (1971), o primeiro trabalho ao vivo do grupo só surgiu em 1974 com o lançamento de Welcome Back My Friends To The Show That Never Ends..., registro da turnê de Brain Salad Surgery (1973).
Por conta dessa ausência, surgiram nos anos 70 vários bootlegs de praticamente todas as tours do trio e conforme os anos se passaram foram desaparecendo do mapa.
Em 2001 e 2002 a Sanctuary, subsidiária da Castle, teve uma iniciativa muito interessante: oficializou, por assim dizer, cerca de onze desses bootlegs, incluindo aí registros de 1992 e 1993, e os “emboxetou” em três caixas intituladas The Original Bootleg Series From The Manticore Vaults.
Qualidade de gravação não é o maior atrativo dessa coleção pois quase todos esses registros foram feitos na platéia, portanto recomendado apenas aos fãs fervorosos do trio, mas sua importância é inquestionável pois trouxe a tona algumas gravações que só poderiam ser encontradas (e com muita sorte), nos bootlegs originais perdidos em algum sebo por aí.
Além disso, a gravadora reproduziu as capas originais com algumas pequenas adaptações para o formato CD. Pelas novas capas, é bem provável que os boots originais tenham sido lançados por aquele tal de TAKRL, um sujeito ou grupo de pessoas que pirateou um monte de bandas nos anos 70 e faziam os famosos LP’s de capa branca com um papel colado na mesma, contendo a arte e informações do disco.
Entre esse vasto material, você poderá ouvir o trio mandando bala em versões raríssimas de Tarkus ainda em 71, The Endless Enigma (impagável), Pictures At An Exhibition, Benny The Bouncer, Tarkus novamente, quase completa em 77, e várias outras.
Em 2006 foi lançada a quarta box dessa série contendo outros shows raríssimos, como por exemplo um da turnê de Love Beach, em 1978, mas não consegui esse material nem com muita reza. Aliás, se alguém souber onde encontrá-la, agradecerei de prontidão.
Mesmo esquema do Collectors’ Club, do Crimson: preparei um arquivo de texto com todos os links. Corra pois não são links do Câmara de Eco.

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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Blog Yes Shows: A Casa do Yes.


Entre as centenas de blogs musicais encontrados na rede, posso tranquilamente destacar o Yes Shows, com seu trabalho de resgate e perpetuação da obra do Yes, focando somente registros raríssimos não-oficiais do grupo progressivo, como também de seus integrantes e ex-integrantes.
Seu mentor e idealizador, Martini, tem muito cuidado com o que é postado no blog e desde 2007 apresenta informações de extrema importância sobre cada registro ali divulgado.
Em um bate-papo bacana, ele nos fala sobre a importância do Yes Shows, suas impressões sobre a música do grupo e a forma como conduz sozinho o blog.

1. Como surgiu a idéia em fazer um blog dedicado ao Yes especializado em gravações não-oficiais?
Eu já tinha visto pela internet blogs dedicados a bandas como Beatles, Deep Purple e Pink Floyd, mas sempre tive uma dificuldade maior para achar bootlegs (gravações não lançadas oficialmente, de shows, ensaios, etc) do Yes, que eu encontrava de vez em quando, espalhados por vários sites e blogs. Achei que a banda merecia um blog que reunisse em um só lugar materiais diversos dos seus 40 anos de vida.

2. Você faz algum processo de seleção ou escolha ao postar algum material da banda? Se sim, o que é levado em consideração na escolha de determinada gravação?
Tem dois fatores que fazem um bootleg ser bom: a qualidade do som (geralmente os melhores foram gravados pela própria banda, ou transmitidos por rádio, enquanto os piores foram gravados na platéia por fãs em fitas que se deterioraram com o tempo) e a raridade da performance. Por exemplo, se um bootleg tem uma música raramente tocada, ou em um arranjo muito diferente, eu faço questão de compartilhá-lo no blog, mesmo quando a qualidade de som não é das melhores.

3. Fãs de rock progressivo sempre buscaram por gravações não-oficiais de suas bandas favoritas. Em sua opinião, qual o motivo dessa cultura?
No rock progressivo, assim como no jazz e no blues, o palco é o lugar onde a banda cria arranjos novos, improvisa, coloca mais peso na música, etc, ao invés de copiar ao vivo o que se ouve no CD. O Zeca Camargo uma vez disse "Não sei por que gostam tanto de show, se dá pra ouvir o CD no conforto da poltrona da sala". Está aí alguém que não entende nada de música.

4. O Yes Shows é publicado em inglês. Isso pode atrapalhar um pouco os fãs brasileiros ou a língua não apresenta obstáculos?
Minha intenção era fazer um site pra ser acessado por fãs no mundo todo, e o resultado tem sido exatamente esse. Algumas pessoas devem ter dificuldade pra entender tudo, mas o fato é que o inglês é o esperanto dos nossos dias, o que tem vantagens e desvantagens...

5. Quais são suas impressões sobre os mais de 40 anos de carreira do Yes e qual sua opinião sobre o legado musical da banda nos dias atuais?
É inegável que o auge da banda foi nos anos 70, mas muita gente se surpreende com a qualidade dos shows deles até hoje, mesmo em turnês de discos medianos ou ruins. Na minha opinião o legado do Yes hoje em dia não é tão grande quanto poderia, porque, a partir dos anos 80, a MTV e outros meios de comunicação fizeram uma certa "revisão do passado", e hoje muita gente pensa que o Pink Floyd foi o auge do experimentalismo e virtuosismo no rock, quando grupos como o Yes e o Gentle Giant fizeram música da mesma qualidade que o Floyd e com muito mais criatividade e quebrando todos os padrões..

6. Qual é o feedback de seu trabalho desenvolvido no Yes Shows e a importância de seus leitores?
O blog tem leitores bem fiéis. Não vou dizer que são milhões, nem que todos os fãs de Yes o conhecem. Mas fico feliz ao ver que compartilhei música com internautas da Escócia, da Argentina, do Canadá... e do Brasil, claro!

7. Agradeço imensamente a sua atenção e este espaço é para suas considerações finais.
Obrigado pelo espaço dado. O bacana da internet é ver vários blogs sem fins lucrativos, como o Câmara de Eco e o Yes Shows, que divulgam o trabalho de várias bandas cujos discos não seriam nem um pouco fáceis de achar no Brasil, e ver o show, então, nem sonhando... Um grande abraço

www.yesshows.blogspot.com



Narada Michael Walden - Garden Of Love Light


















Narada Michael Walden é baterista, vocalista e produtor. Nasceu em 1952, em Michigan, EUA, e integrou a Mahavishnu Orchestra entre 1974 e 1976, substituindo Billy Cobham.
Gravou com o grupo os álbuns Apocalypse (1974), Visions Of The Emerald Beyond (1975) e Inner Worlds (1976), e logo depois houve a dissolução da banda.
Como músico solo colaborou com inúmeros outros músicos, desde gente ligada a pop music como também músicos de jazz rock e rock, além de participar de diversas trilhas sonoras para o cinema.
Seu primeiro disco solo, Garden Of Love Light, foi lançado em 1976 e contou com participações muito legais de Carlos Santana e Jeff Beck, além de outros.
Na verdade, é um disco bem light e muito gostoso de ouvir. Nem é preciso dizer que Jeff Beck rouba a cena em Saint And The Rascal, mas também devo destacar as ótimas The Sun Is Dancing e Garden Of Love Light.
A música Delightful foi o carro-chefe do disco, alcançando razoável colocação nos charts do ano seguinte.

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segunda-feira, 13 de abril de 2009

Led Zeppelin - The Song Remains The Same

A história de Song Remains The Same é um tanto curiosa pois trás um mix de registros de três noites no Madison Square Garden, Nova York, entre 27 e 29 de julho de 1973, durante a tour americana daquele ano.
Porém, o LP duplo só foi lançado em 28 de setembro de 1976 como trilha sonora do filme de mesmo nome, que chegou aos cinemas apenas algumas semanas depois, em 20 de outubro.
Utilizando um estúdio móvel, Eddie Kramer gravou os concertos e mixou o material nos estúdios Electric Lady em Nova York e Trident Studios em Londres.
A crítica na época considerou sua gravação um tanto pobre para os padrões do Led Zeppelin e até mesmo o guitarrista Jimmy Page adimitou que aqueles takes não eram as melhores amostras do Led ao vivo.
E foi além: talvez para amenizar um pouco o impacto nem tão positivo do lançamento do álbum, chegou a declarar que não o olhava exatamente como um “disco ao vivo” mas sim como uma trilha sonora.
O fato mais interessante e importante dessa história toda é que os fãs estavam sedentos por um disco oficial ao vivo do grupo e ninguém deu bola para esses detalhes. The Song Remais The Same chegou ao primeiro posto dos charts britânicos e no segundo dos americanos, mais precisamente da Billboard, ainda em 1976.
O Led foi muito pirateado nos anos 70 e é provável que encontremos nos dias de hoje, apresentações melhores e mais furiosas que a de Song Remains The Same, mas esse foi o único material que a banda pôde disponibilizar naqueles anos e com certeza ficou marcado no coração daqueles que hoje tem mais de 45 anos de idade, com suas versões históricas de Moby Dick, No Quarter, Stairway To Heaven, Dazed And Confused e The Song Remains The Same.
A capa foi muito bem elaborada pela empresa Hipgnosis e não trazia uma foto sequer do grupo.
O relançamento em CD em 2007 trouxe várias outras músicas que não estavam na edição original, com cerca de 30 minutos a mais de gravações.
Jimmy Page, Robert Plant, John Paul Jones e John Bonham fizeram história com um álbum maravilhoso e muito bem planejado.
Aliás, planejamento era algo que o Zeppelin tinha de sobra, a cargo de seu sempre competente manager Peter Grant.
Termina aqui uma pequena série de postagens que, espero, tenha divertido todos vocês como foi divertido e gratificante para mim.
Abraços!

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Yes - Yessongs

Levando-se em consideração que Pictures At An Exhibition (1971) do ELP é um álbum ao vivo com material inédito e que Ummagumma (1969) do Pink Floyd é “meio ao vivo”, pois não passou de uma boa farsa da banda, podemos dizer que entre os grupos de rock progressivo considerados “grandes”, o Yes foi o primeiro a lançar seu álbum ao vivo, em 18 de maio de 1973.
Gravado durante a turnê de 1972 do álbum Close To The Edge (1972, um de seus maiores sucessos), apresenta uma coleção de músicas pautadas nos três últimos lançamentos da banda e o mais legal, foi lançado em LP triplo na época, dando a noção exata de como era uma apresentação completa da banda, apesar de ter sido gravado em datas e localidades diferentes e até por conter bateristas diferentes, pois foi nessa turnê que o baterista original, Bill Bruford, deixou o grupo para integrar a nova formação do King Crimson, sendo substituído pelo ex-Plastic Ono Band, Alan White.
Apesar da pompa e alguns exageros característicos da banda, Yessongs é uma verdadeira viagem musical e astral, e retrata muito bem a exuberância, harmonia e complexidade de suas músicas, como também a extrema técnica de seus integrantes.
O guitarrista Steve Howe com suas incursões acústicas e improvisos, e o megalomaníaco tecladista Rick Wakeman, conviviam muito bem no disputado universo musical do Yes. Yessongs retrata muito bem essa fase de equilíbrio e o que se viu depois foram altos e baixos pelos quais o grupo passou nos anos seguintes.
Wakeman entrou no grupo com fama de superstar e ainda não sofria de ataques rococós, tinha um espaço só para ele onde fazia um medley de seu primeiro álbum solo, The Six Wives Of Henry VIII (1973), enquanto o baixista Chris Squire roubava a cena com seu magistral solo em The Fish (Schindleria Præmaturus).
Jon Anderson com sua voz celestial completava perfeitamente os devaneios e loucuras musicais (no bom sentido) do grupo.
Não posso deixar de citar o belíssimo trabalho gráfico do artista plástico Roger Dean que ilustrou vários trabalhos do grupo e em Yessongs cedeu várias pinturas para o encarte, além do excelente trabalho do engenheiro e produtor Eddie Offord, que soube registrar e produzir o Yes em seus primeiros anos de atividade.
Yessongs também foi parar nas telas dos cinemas ainda em 1973 e o Yes fez história com projetos tão ousados, envolvendo música, imagens e vídeo. Pura arte.


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Deep Purple - Made In Japan

Made In Japan (1972) não foi o primeiro disco ao vivo do Deep Purple pois já haviam lançado Concerto For Group And Orchestra em 1969, com a Royal Philharmonic Orchestra de Londres, executando um concerto inédito escrito pelo tecladista Jon Lord.
A popularidade do Purple em 1972 era tão grande ao ponto de fazerem mais de 220 apresentações naquele ano, alavancados pelo sucesso de Machine Head (1972).
Em agosto a banda partiu para uma turnê japonesa onde havia uma grande expectativa por suas três apresentações, e por conta disso a gravadora de lá decidiu lançar um álbum ao vivo exclusivo para o mercado japonês, contendo os melhores takes dessas apresentações.
Sem grandes pretensões, o produtor Martin Birch (aquele mesmo que anos mais tarde trabalhou com o Iron Maiden) registrou os três shows em um gravador simples: dias 15 e 16 em Osaka e 17 em Tokyo.
Apesar do aparente descompromisso, o baixista Roger Glover declarou certa vez que a banda estava tensa na primeira noite sabendo que estavam sendo gravados e não poderiam cometer erros.
Ao voltarem para Inglaterra, Birch, Glover e o batera Ian Paice ficaram surpresos com a qualidade dos tapes e trabalharam na mixagem desse material.
O álbum foi inicialmente lançado no Japão sob o título Live In Japan e na capa trazia uma foto feita nessas apresentações japonesas. No restante do mundo, foi lançado como Made In Japan e trazia uma foto feita em julho, no Rainbow Theatre em Londres.
Clássico absoluto, Made In Japan capta fielmente o poder de fogo do Purple nos palcos com seus improvisos e a espontaneidade de uma banda tipicamente on stage.
Child In Time, Highway Star, Strange Kind Of Woman e Smoke On The Water ganharam fama talvez maior que suas versões originais por apresentarem grande energia e explosão em suas versões ao vivo.
Ritchie Blackmore estava infernal, detonando riffs e solos simplesmente mágicos. Ian Gillan desfrutava de sua juventude e do poder de suas cordas vocais – quem não gritou com ele em Child In Time na versão de Made In Japan?
Jon Lord, Roger Glover e Ian Paice eram o sonho de qualquer banda da época, com sua técnica, improvisos, precisão e punch rock ‘n’ roll.
Em 1993 foi lançado o CD triplo Live In Japan, contendo as três apresentações na íntegra e alguns anos depois surgiram outras edições de Made In Japan com faixas adicionais.
Dificilmente veremos nos dias atuais um álbum ao vivo tão honesto, espontâneo e empolgante como Made In Japan o é.

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The Allman Brothers Band - At Fillmore East

Cada álbum dessas cinco postagens tem peculiaridades muito distintas, mas também alguma relação entre si por alguns fatores.
O fator que distingue Fillmore East dos outros quatro discos postados é que ele foi lançado de maneira muito rápida se levarmos em consideração que o Allman Brothers surgiu em 1969.
Gravado no Fillmore East, Nova York, em 12 e 13 de março de 1971 e lançado em julho do mesmo ano, esse álbum tem um significado muito forte e não poderia mesmo ter sido lançado em ocasião posterior.
Naquele momento mais do que nunca, o Allman desfrutava de grande sucesso por suas apresentações incríveis e muito longas, e pela excelente técnica e feeling de seus integrantes.
Podemos dizer, sem dúvida, que o Allman é possivelmente a melhor banda ao vivo dos anos 70 pois esbanjavam elegância, técnica e muita precisão em improvisos antológicos pautados no rock, blues e jazz, como na gigante Mountain Jam, fazendo a cabeça de muitos daqueles que conheceram a banda ainda nos anos 70 e também daqueles que os conheceu décadas depois, como é o meu caso.
Não se trata exatamente de uma banda que faz música para músicos mas sim de um grupo que elaborou seus trabalhos com muita inspiração e provavelmente, muito ácido.
Fillmore East coloca em cheque todos seus integrantes e todos eles, sem exceção, executam seu trabalho de forma magistral.
A começar pela dupla percussiva, os bateristas Jai Johanny Johanson e Butch Trucks, desempenhando um dificílimo e sincronizado trabalho de tocar suas baterias ao mesmo tempo.
Os excelentes guitarristas Duane Allman e Dickey Betts transportavam para as cordas de suas guitarras toda influência e punch do rock sulista, enquanto o super baixista Berry Oakley segurava a onda no meio da artilharia pesada de duas baterias e ainda encontrava espaço para seus improvisos.
Por fim, Gregg Allman comandava essa turma da pesada com sua voz rasgada e as teclas de seu incrível órgão Hammond.
O disco foi lançado no formato de LP duplo contendo sete músicas e relançado em CD na década de 90 e em 2003 sob os títulos The Fillmore Concerts e At Fillmore East (Deluxe Edition), contendo 12 e 13 faixas respectivamente.
Não perca tanto tempo como eu perdi e desfrute de mais um clássico gravado ao vivo.

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