Os princípios do Câmara de Eco.

A finalidade do Câmara de Eco é funcionar como modesta referência para aqueles que procuram novos e velhos sons, publicando informações e indicando bons trabalhos merecedores de audição mais atenta.
Da mesma forma que um amigo empresta um CD a outro, faço questão de apresentar a você, internauta amigo e amiga, boas amostras de rock, jazz, progressivo, blues e folk, e com isso, espero, possamos divulgar a música vista como forma de arte e não como um produto qualquer dentro de uma caixinha acrílica.
Abraços e boa diversão!
Lucon

sábado, 29 de novembro de 2008

Dream Theater - Six Degrees Of Inner Turbulence







Os fãs do americano Dream Theater são bem parecidos com os do Iron Maiden, por sua fidelidade e verdadeira paixão pelo grupo.
O único problema de uma parcela desse público é que eles só têm olhos para essa banda, não aproveitando a oportunidade em conhecer novos sons.
Veja bem, não estou falando de todo o público de Dream Theater mas de uma parcela radical. Portanto, essa postagem é dedicada às pessoas que não conhecem a banda, pois os fãs já conhecem sua discografia de trás para frente.
O Dream Theater surgiu no fim dos anos 80 e pouco a pouco foi conquistando mais e mais fãs através da alta qualidade de seus trabalhos e da incrível habilidade de seus integrantes em suas apresentações.
Basta assistir a qualquer DVD dos caras para comprovar como tocam absurdamente bem, beirando à perfeição. Técnica não é tudo, claro, por isso escolhi Six Degrees Of Inner Turbulence (2002) que, na minha opinião, é o melhor trabalho do grupo, tão bom quanto seu antecessor, o cultuado Metropolis Pt. 2: Scenes From A Memory (1999).
Agora o radical serei eu: detesto esse rótulo de "metal progressivo". Metal é metal e progressivo é progressivo. No caso do Dream Theater considero uma banda de metal que faz um trabalho muito complexo e perfeitamente executado, mas não tanto para ser rotulado de progressivo, um estilo que vai muito além de um simples rótulo ou apenas fazer músicas complexas. Bem, quem é fã de rock progressivo saberá muito bem o que quero dizer.
Rótulos à parte, se você ainda não conhece Dream Theater, comece por Six Degrees Of Inner Turbulence, uma verdadeira pérola dos dias atuais.
Variando entre o metal e a complexidade absurda da banda, o album apresenta também músicas com fortes influências de rock progressivo, como na belíssima Misunderstood e na envolvente The Great Debate.
Mas a grande surpresa está nos mais de quarenta minutos da faixa título, uma suite espetacular dividida em oito partes e repleta de mudanças de clima e andamento.
Grande parte do sucesso do Dream Theater se dá ao fato da entrada do tecladista Jordan Rudess (ex-Dixie Dregs) que deu uma cara nova ao som do grupo, fruto de sua vasta experiência como músico, ao lado de Mike Portnoy (bateria), John Petrucci (guitarra), James Labrie (vocais) e John Myung (baixo).
Se você não é fã de metal, atente-se a esse trabalho assim mesmo, basta descartar as músicas mais pesadas e curtir as que lhe for de maior agrado mas nunca subestime o poder de fogo do Dream Theater, uma das oito maravilhas do mundo moderno.

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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Ian Gillan Band - Scarabus







Após sua saída do Deep Purple em 1973, Ian Gillan afastou-se do showbusiness por três anos para cuidar de negócios pessoais.
Voltou para o mundo da música em 1976 com o lançamento de seu primeiro album solo, sintomaticamente intitulado Child In Time.
Já nessa época Gillan encontrou um cenário bem diferente daquele de quando recolheu-se. Apesar do pouco tempo fora dos palcos, muitas mudanças ocorriam ao mesmo tempo como o surgimento do punk rock e disco music, e a queda substancial do rock progressivo e de uma forma em geral, dos próprios grupos de rock and roll.
Aqueles que conseguiam se manter bem ou mal no mercado precisavam fazer algumas adaptações. Muitas bandas, digamos de médio porte, tinham dificuldades para conseguirem novos contratos com as majors e a situação era bem difícil e bastante desfavorável.
Algumas bandas tiveram que dar um tempo para ressurgirem posteriormente com força total.
Ian Gillan sacou essa situação e em uma jogada de mestre fez algumas alterações na sonoridade de sua banda: uniu o hard e o blues, característicos em sua carreira, à sonoridade emergente do jazz-rock que a cada dia angariava novos fãs e adeptos.
Foi com essa junção de estilos que Ian Gillan fez Scarabus (1977), um disco de hard com fortes influências de jazz-rock, muito bem dosado e equilibrado, agradando ambos os públicos.
Scarabus, na minha opinião, é um dos melhores trabalhos solo de Ian Gillan, com músicas poderosas como Pre-Release, Apathy, Mad Elaine e Scarabus (uma de minhas favoritas em toda sua carreira).
O time que o acompanha em Scarabus era: Colin Towns (teclados), John Gustafson (baixo), Ray Fenwick (guitarra) e Mark Nauseef (bateria).
O "Silver Voice" conseguiu passar por várias mudanças em sua carreira até chegar aos dias atuais, sem precisar se entregar aos modismos e à ganância financeira. Um verdadeiro herói das cordas vocais, oriundo do mais longíquo período do verdadeiro hard britânico.

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Peter Sinfield - Stillusion







Peter Sinfield foi o integrante não-músico do King Crimson em seus primeiros anos de vida, entre 1969 e 1971. Poeta e letrista, também era responsável pela iluminação da banda, design e arte das capas dos LP's e produção musical.
Desentendimentos com Robert Fripp, então guitarrista e líder do Crimson, levaram-no a deixar o grupo e iniciar uma série de colaborações com outros músicos e bandas do cenário da época, contribuindo com Roxy Music, Emerson Lake & Palmer, Premiata Forneria Marconi entre outros.
Artista visionário e um dos poucos poetas reconhecidamente nascido em meio ao rock, lançou seu album Still em 1973 e relançado em 1993, com material bônus.
Contando com a colaboração de trezentos músicos para fazer Still (ou, se preferir, Stillusion), conseguiu chegar em um resultado muito bom para um sujeito que não é músico por excelência, mas que tinha muita experiência e visão musical, apesar de uma voz pequena porém muito bacana.
Contou com a ajuda de gente como Ian Wallace (bateria), Greg Lake (guitarra, vocais), Robin Miller e Mel Collins (sopros e sax), Keith Tippett (piano), Boz Burrell e John Wetton (baixo) e B.J. Cole (pedal steel) para criar canções deliciosas e viajantes como House Of Hopes And Dreams, The Night People, The Piper e a pequena obra-prima crimsoniana Under The Sky.
Mais uma preciosidade perdida no tempo e no espaço que você poderá curtir agora com o Câmara de Eco.

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Robert Plant - Dreamland







Nem é preciso falar de Led Zeppelin para ressaltar a importância desse gigante do rock.
Robert Plant, britânico nascido em 20 de agosto de 1948, construiu uma sólida carreira de sucesso ao lado da banda citada e prosseguiu seus trabalhos após a dissolução prematura do grupo em 1980, com a morte de seu baterista John Bonham.
Dreamland (2002) é seu sétimo disco solo e traz uma novidade que é própria banda que o acompanha, a Strange Sensation. Um grande vocalista merece uma banda de apoio de respeito e isso Robert Plant soube escolher muito bem ao criar o grupo.
Contando com os guitarristas Justin Adams e Porl Thompson, o tecladista John Baggott, o baterista Clive Deamer e o baixista Charlie Jones, Robert Plant fica à vontade para esbanjar sua belíssima voz, mesmo com 54 anos de idade naquele momento.
O repertório é maravilhoso e tocante, flutuando entre composições próprias e músicas revisitadas de outros artistas, com um toque oriental aqui e acolá. Já vinha muito bem com a execelente parceria feita com Jimmy Page em Walking Into Clarksdale, de 1998, e prosseguiu com a mesma qualidade em Mighty ReArranger (2005), ou seja, oito anos de trabalhos impecáveis, prova de um músico que não se acomoda e prima pela qualidade absoluta de sua arte, qualidade aquela que seus fãs estão habituados em ver.
Ouça maravilhas como Morning Dew, One More Cup Of Coffee, Win My Train Fare Home (If I Ever Get Lucky) , Darkness, Darkness e a zeppeliana Skip's Song: é assustador, mas parece alguma sobra de estúdio do Led perdida por aí.

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terça-feira, 25 de novembro de 2008

The Muffins - Manna/Mirage




The Muffins é um combo jazzístico criado entre os anos de 1974/76 na capital de Washington e formado pelo quarteto Billy Swan (baixo, piano e guitarra), Paul Sears (bateria e xilofone), Tom Scott (sax, flauta e piccolo bass) e Dave Newhouse (piano elétrico, órgão, flauta e sax).
Com fortes influências de RIO (Rock In Oposition), o Muffins gravou seu primeiro LP Manna/Mirage em 1977 e lançado em 1978 após milhões de mudanças de formação, até chegarem àquela ideal para o registro de seu debut.
Muito improviso e o delicioso som de metais e sopros acompanham a audição dessa maravilha de trabalho em alguns temas instrumentais longuíssimos e muito bem construídos, sem tornarem-se cansativos ou chatos, pelo contrário, é uma experiência única poder curtir e apreciar as viagens e sofisticação do Muffins em seu Manna/Mirage, com sua sonoridade colorida, viva e alegre.

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Sugarloaf - Sugarloaf / Spaceship Earth





Surgido no estado do Colorado no começo dos 70's, o Sugarloaf alcançou alguma projeção musical no cenário rock 'n' roll norte-americano com músicas como Mother Nature's Wine, Tongue In Cheek e Don't Call Us, We'll Call You.
Tocando um rock 'n' roll simples e básico, porém muito competente, eis aqui os dois primeiros trabalhos do grupo: Sugarloaf (1970) e Spaceship Earth (1971).
Nada de virtuosismo ou exageros mas executando suas músicas com muita competência, o quarteto formado por Jerry Corbetta (vocais e teclados), Bob Webber (guitarra), Bob Raymond (baixo) e Bob MacVittie (bateria) carregava um pouco consigo aquela aura flower power californiana dos anos 60, resquícios de grupos como Jefferson Airplane por exemplo, presentes em West Of Tomorrow e no blusão delicioso Gold And The Blues.
Descobri esses caras ao acaso, quando assisti a comédia Grilled (Dois Vendedores Numa Fria - 2006), com uma trilha sonora fantástica onde rolava uma música da banda.
Spaceship Earth é mais maduro, com um direcionamento evidente de uma banda em progressão musical com a inclusão de um segundo guitarrista, Bob Yeazel, e com indícios de que muita coisa boa estaria por vir mas não foram além do ano de 1975.
Aumente o som em Tongue In Cheek e viva aos anos 70, meu chapa!!

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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Carlos Santana - Abraxas
























O guitarrista mexicano Carlos Santana tem uma vasta carreira de discos e sucesso, sempre muito fiel às suas raízes latinas e ao direcionamento musical que o projetou ao mundo, misturando rock, salsa, jazz e blues com um resultado envolvente e espiritual.
Logo no começo de sua carreira apresentou-se no grande festival de Woodstock, em agosto de 1969, onde era um mero desconhecido perante o público norte-americano.
Ninguém conhecia aquele guitarrista furioso acompanhado por uma banda multi-racial, porta-voz naquele momento de todo o povo latino presente no festival.
Ali nascia um dos grandes nomes da música contemporânea, o mito que não morreu de overdose ou que sofria de ataques de estrelismo, a figura humana que levava a palavra de paz, amor e espiritualidade para seu público, conseguindo chegar aos dias atuais com honra e glória através de sua música.
Entre várias músicas que tocou no festival de Woodstock, a mais marcante e um dos pontos mais emocionantes do festival é quando executa Soul Sacrifice: milhares e milhares de pessoas um tanto indiferentes à sua música ou não assimilando muito bem aquilo que acontecia no palco. De repente, em uma atitude coletiva, um a um da platéia levanta-se e começa a bater palmas, bater em latas ou garrafas, tentando acompanhar aquele ritmo alucinante e furioso que saia das insuficientes torres de som.
Pessoas aproximavam-se do tablado que separava o público da área técnica e começavam a batucar no tablado com baquetas improvisadas, como se todos ali também fizessem parte da banda.
E de fato faziam. Carlos Santana envolveu aquelas pessoas com sua música e foi ovacionado de pé pela platéia. Nascia ali um novo mundo, o mundo de Carlos Santana, que ganhou tanto prestígio e respeito ao ponto de tocar com Grateful Dead, John McLaughlin e Buddy Miles, dentre muitos outros.
Abraxas (1970) é seu segundo album, uma verdadeira viagem entre o rock, o jazz e a música latina, exremamente acentuada.
Ouvir Abraxas é um prazer incrível, indescritível que, além do talento de Carlos Santana, também contava com a voz e os teclados maravilhosos de Gregg Rolie, a batera de Michael Shrieve, o baixo de David Brown, o piano de Alberto Gianquinto e as percussões de Mike Carabello, Rico Reyes, Steven Saphore e José "Chepito" Areas, seu fiel escudeiro por toda a carreira.
Não há destaques para esse album, sua unidade e diversidade são o reflexo perfeito do trabalho desse genial guitarrista, dono de uma sensibilidade musical e artística como poucos.

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sábado, 22 de novembro de 2008

Captain Beyond - Captain Beyond
















Aguardei doze longos anos para um dia falar de Captain Beyond na internet.
Sempre apresentei a música de Captain Beyond entre meus amigos, por uma única razão: Captain Beyond (1972) é o MAIOR e MELHOR album de hard dos anos 70.
Sou fanático por Deep Purple, adoro Led Zeppelin e tenho paixão pelas bandas britânicas de hard e progressivo que surgiram na virada dos 60's para os 70's, mas confesso que sou doente por esse play do Captain Beyond.
Escrevo agora não sei para quem, mas se você está lendo essas palavras e divide o mesmo sentimento saberá que depois de anos e anos vasculhando as discografias de Deep Purple, Black Sabbath, Led Zeppelin, Warhorse, Iron Butterfly, James Gang, Rainbow, Uriah Heep e outros, verá que a resposta pela procura do verdadeiro hard está em Captain Beyond, o disco conceitual, visionário e avassalador do Captain Beyond.
Não sei explicar o porquê esse album é tão importante e especial para mim. É enigmático e misterioso ouvir Captain Bayond e sentir uma sensação de liberdade, energia e fúria, algo que muito poucos albuns me proporcionam.
O vocalista Rod Evans foi descartado do Deep Purple em 1969 e substituído pelo mago das cordas vocais Ian Gillan. O guitarrista Rhino e o baixista Lee Dorman eram remanescentes do Iron Butterfly e o batera Bobby Caldwell veio da banda de apoio de Johnny Winter, portanto uma formação de respeito.
Mas o que poucos imaginavam é que essa formação poderia fazer um álbum de estréia impactante, perfeito e sem teclados. Absurdamente pesado em algumas passagens, com um trabalho incrível de bateria - vide a introdução desconcertante de Dancing Madly Backwards (On A Sea Of Air).
As músicas são interligadas para darem uma noção mais clara da coneitualidade do disco e deixar-nos um pouco confuso, pois chega a ser quase progressivo, tamanha complexidade de algumas músicas mas sem deixar o poder de fogo de lado.
Rod Evans perdeu seu tique de Tom Jones e arrebenta nos vocais sem dar um único trinado e Rhino experimenta todos os recursos disponíveis na época para criar as bases e solos viajantes desse album, como na música Myopic Void, enquanto Lee Dormam segura muito bem a onda, bem até demais, trocando riffs com Rhino na bomba atômica Mesmerization Eclipse, que emenda com Raging River Of Fear, em uma das sequências mais fantásticas que conheço.
Frozen Over é outra porrada na orelha, com várias mudanças de tempo onde a banda vira junto e chega enfim em uma base muito sólida para os solos de Rhino. MUITO LOUCO!!!!
Thousand Days Of Yesterdays, I Can't Feel Nothing, As The Moon Speaks e Astral Lady levam o ouvinte a outra dimensão, com suas peculiaridades e sonoridade quase space rock, o verdadeiro.
O Captain Beyond é uma das bandas mais injustiçadas da história do rock: não tiveram sucesso comercial e reconhecimento de público e mídia, talvez pela proposta musical da banda, pouco compreendida naquela época.
Lançaram mais dois albuns de estúdio e em seguida encerraram as atividades. Recentemente Rhino e Bobby Caldwell ressucitaram a banda com a presença de outros músicos para uma apresentação no Sweden Rock Festival, mas a magia ficou perdida em algum lugar no passado e pode ser que essa reunião tenha servido para tentar amenizar uma das maiores injustiças da história.
Até algum tempo atrás Rod Evans era funcionário público nos EUA, abandonando o mundo da música desde 1980 quando quase foi linchado em um show ao tentar se apresentar com uma banda chamada New Deep Purple. A platéia ficou furiosa quando descobriu que não havia um integrante sequer do Deep Purple além de Rod Evans. Além disso, foi processado pelos ex-integrantes da banda que detinham os direitos sobre o nome, por uso indevido da marca Deep Purple.
Triste fim para um músico que escreveu algumas páginas da história do rock.

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Captain Beefheart And The Magic Band - Doc At The Radar Station































Esse Don Van Vliet, vulgo Captain Beefheart, é um doente mental, desequilibrado e absolutamente genial!!
Comecei a curtir o som de Captain Beefheart And The Magic Band há pouco tempo e foi o suficiente para me viciar nessa loucura.
Vindo da mesma escola de Frank Zappa, esse retardado do Captain Beefheart propõe uma nova direção musical, diferente daquela que cotumamos chamar de rock, jazz, erudito ou blues.
Isso é rock mas visto de uma ótica completamente diferente da tradicional, em que você poderia dividir com os amigos ou a família o prazer de ouvir música.
Captain Beefheart não pode ser dividido com ninguém, a não ser em um blog que propõe essa comunhão, pois Captain Beefheart And The Magic Band está fora dos padões melódicos ou prazerosos de ouvir música, seja qual estilo for.
Run Paint Run Run é o exemplo máximo de loucura abstrata dessa banda, afinal de contas todos temos um pouco de loucura dentro de si, mas não é explícita.
Se você sofre de problemas de depressão ou insônia, passe longe dessas músicas zen ou com barulhinos de floresta e cachoeiras e rios: caia de cabeça no mundo de Captain Beefheart pois aqui a loucura musical é real e concreta. Não há sonhos ou viagens de um mundo ideal proposto pelos Beatles em Sgt. Peppers, por exemplo.
A loucura e estress existe sim em cada dia de nossas vidas e temos que enfrentar isso quando o maldito despertador toca às 6h da manhã na segunda-feira.
É muito fácil enfrentarmos aquilo que nos parece familiar mas é muito difícil encaramos o desconhecido. Doc At The Radar Station é o desconhecido não-abstrato que tive que enfrentar e aprendi a gostar, mesmo escondendo minhas audições de baixo de um fone de ouvidos, caso contrário minha mulher pediria divórcio.
Best Batch Yet é o caos, o dilúvio, a tsunami que não sabemos compreender no momento do fato, mas que compreendemos após o desastre e até entendemos a razão pelo qual sua existência é necessária: para separar aqueles que sofrem com a loucura, daqueles que amam a loucura.
Doc At The Radar Station deve ser ouvido diversas e diversas vezes para podermos compreender a proposta musical de Captain Beefhart, onde a melodia fica em segundo plano e musicalidade quase matemática é o plano principal, axato.
Não sei se expliquei alguma coisa aqui, mas proponho que baixe essa arquivo, afinal de contas você chegou ao fim do texto. Game over.

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Cactus - Cactus



















Hoje é sabadão, dia mundial da cerveja, churrasco e rock 'n' roll. Como não tenho nada a fazer, resolvi fazer algumas postagens e tomar minha habitual cerveja gelada ao som de Cactus (o disco de estréia de 1970).
Enquanto escrevo e aprecio o album, estive pensando em Tim Bogert e em sua gloriosa carreira ao lado de bandas que gosto muito, como o Vanilla Fudge e Jeff Beck.
Com isso, me veio a idéia em fazer uma série de postagens especiais dedicadas somente aos grandes baixistas do rock, algo que vou planejar e executar aqui no Câmara entre dezembro e janeiro de 2009.
Enquanto isso não se concretiza, vou antecipar o trabalho e falar de Cactus, banda que contava com o incrível baixista/vocalista Tim Bogert e o ótimo baterista Carmine Appice, ambos ex-integrantes do Vanilla Fudge e do power trio Beck, Bogert & Appice.
Pra quem não sabe, Carmine Appice é irmão de outro grande baterista, Vinnie Appice (ex-Black Sabbath).
Logo após a dissolução do Vanilla Fudge, Bogert e Appice juntaram-se ao ex-guitarrista do Buddy Milles Express, Jim McCarty, e ao ex-vocalista do Amboy Dukes, Rusty Day, para formarem um novo grupo.
Pedra mole em água dura, tanto bate até que fura. Deu nisso: uma cozinha impecável e batalhadora que não desiste nunca é a dupla Bogert & Appice, talvez tão insistente quanto Jones
& Bonham ou Glover & Paice.
O Cactus surgiu em um período em que o músico tinha que, obrigatoriamente, ser muito bom, mesmo por que quase tudo naquele período relacionado ao rock 'n' roll era nivelado por cima, ao contrário dos dias de hoje, infelizmente.
Calcado nas raízes do blues e do rock 'n' roll, o Cactus surgiu com uma proposta simples e despretensiosa até, ou seja, fazer apenas rock 'n' roll. Mas, quase sem querer, os caras tinham uma "cozinha dos sonhos", ou se preferir, a "kitchen dreams", que fazia toda a diferença.
Sem contar que o vocalista Rusty Day mandava muito bem na hamônica, uma surpresa à parte no som do incrível Cactus.
O mundo do rock 'n' roll é tão generoso e maravilhoso, que nos alimenta de inúmeras bandas quase desconhecidas e maravilhosas como o próprio Cactus.
Houve alguma mudança de formação anos depois e a banda encerrou suas atividades no ano de 1972, ou seja, mais uma banda incrível de carreira meteórica.
Destaque mais que especial para No Need To Worry, onde Tim Bogert destrói em um solo de baixo magistral, abusando do pedal fuzz, eu acho, e Oleo.
Procure também por Vanilla Fudge e Jeff, Bogert & Appice.

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Brand X - Morrocan Roll









Brand X é uma banda paralela do baterista e vocalista do Genesis, Phil Collins. Sua primeira formação durou entre 1974 e 1980 e contava com o excelente guitarrista John Goodsall, o baixista Percy Jones, o tecladista Robin Lumley e o percussionista Morris Pert.
Morrocan Roll (1977) é seu segundo album e é praticamente instrumental, a não ser pelo fato de conter uma única música cantada, Sun In The Night.
Quem é fã de Genesis vai se surpreender com essa empreitada fenomenal de Phil Collins, haja visto que esse cagão se desembestou pelos caminhos da pop music ainda nos 70's afundando o Genesis consigo, logo após a saída de Steve Hackett do grupo.
Mágoas à parte, Phil Collins consegue proporcionar alegrias à nós fãs de Genesis, durante a segunda metade dos 70's, com o Brand X. Grande compensação.
Músicas climáticas, guitarra soft e muito improviso são as principais características desse trabalho. Mas, meu amigo e amiga, esse John Goodsall é bom, mas é bom, mas é bom!
O cara toca muito e às vezes até lembra um pouquinho Jan Akkerman, do Focus.
Um grande trabalho estiloso e muito bem construído do Brand X, vide a incrível Hate Zone, com um baixo matador de Percy Jones e solos fantásticos de Robin Lumley e John Goodsall.
Disco Suicide é outro petardo de Morrocan Roll, fruto de uma criação coletiva onde o destaque é o esforço da banda em apresentar uma peça elaborada e sofisticada, muito agradável aos ouvidos e emocionante, minimalista.
Mais uma vez o esforço coletivo se faz presente na última faixa Macrocosm, mas é impossível não destacar o baixo avassalador de Percy Jones, que rouba a cena com sua velocidade incrível e precisão quase cirúrgica.
Você será um zé mané se ainda perder seu tempo tentando baixar coisas medonhas do Genesis como ...And Then There Were Three... (1978) ou Abacab (1980), sabendo que aqui no Câmara de Eco Morrocan Roll espera por você.

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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Blue Cheer - Vincebus Eruptum















Mais uma tijolada no portão do vizinho, Vincebus Eruptum do power trio californiano Blue Cheer.
As bases do hard e do metal devem ser creditadas também à esses americanos que, pasmem, estão na ativa até hoje! Talvez sejam os avôs do que é chamado hoje em dia de stoner rock. Talvez sejam a primeira banda stoner do mundo.
Mais importante do que rotulá-los como acabei de fazer é dizer que seu som é pesadasso para os padrões de 1968, ano de lançamento de seu debut, Vincebus Eruptum.
Rock 'n' roll sujo, pesadão, com alguma influência de blues e muita, mas muita guitarra distorcida e cheia de microfonias.
Os vocais do baixista Dickie Peterson são despojados e sem a menor preocupação melódica, mas carregado de feeling e energia que fazia do som do grupo um produto in natura.
A guitarra de Leigh Stephens conduz o som do Blue Cheer à um abismo catastrófico e quase experimetal, fruto da influência que Jimi Hendrix exerceu sobre o mundo naquele período.
Por fim, o batera Paul Whaley quebra tudo com seu som pesado, cheio de viradas e sem dó em massacrar a prataria de seu kit.
Summertime Blues, Doctor Please, Out Of Focus e a destruidora Parchment Farm são bons exemplos desse alicerce do rock 'n' roll pesadão.

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Bill Bruford - Gradually Going Tornado







Após uma rápida passagem pelo U.K., porém marcante, Bill Bruford lançou-se em uma bem-sucedida carreira solo, conquistando muito respeito entre o apreciadores e músicos de jazz-rock e fusion.
Formou sua própria banda, Bruford, e em 1980 lançou seu terceiro álbum intitulado Gradually Going Tornado, que contava com um time de primeira: o espetacular baixista Jeff Berlin, o tecladista Dave Stewart e o guitarrista John Clark.
Músicas densas e inteligentes, virtuosismo frenético e técnica peculiar contrastam com o vocal sem expressão de Jeff Berlin. Talvez esse um charme a mais nesse tabalho pois sua voz caiu como uma luva no som de Bruford, contrastando com toda a massa sonora de Gradually Going Tornado.
Age Of Information, Gothic 17 e The Sliding Floor representam bem esse contraponto entre uma banda soberba e um vocalista bastante cauteloso, mas não menos genial.
Plans For J.D. é agradabilíssima, a mais tranquila do album digamos assim, e Land's End fecha o trabalho com chave de ouro. Uma peça instrumental de mais de dez minutos, cheia de nuances e espaço para todos os músicos apresentarem suas habilidades incríveis, e como todo o album, muito equilibrada.

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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

BBM - Around The Next Dream




Em minha humilde opinião, considero esse o melhor disco de rock 'n' blues dos anos 90.
Já ouvi falar que a idéia original seria uma reunião do Cream mas como Eric Clapton se recusou, acabaram por convidar Gary Moore para seu lugar.
Se isso é fato ou mito eu não sei. Só sei que quando ouço esse BBM eu nem lembro do Eric Clapton tamanho feeling e energia que Gary Moore impôs ao power trio.
Jack Bruce (baixo/vocais) e Ginger Baker (bateria) dispensam qualquer comentário, basta acompanhar seus trabalhos junto ao fantástico power trio Cream e suas carreiras solo.
É bem verdade que no final dos anos 70 e durante os 80, Jack Bruce deu umas escorregadas em alguns discos solo aquém de sua qualidade como músico e compositor, por isso o BBM veio para lavar a alma e nos brindar com uma obra-prima da música contemporânea.
Infelizmente sua trajetória foi muito curta e todos seguiram seus caminhos, mas Around The Next Dream ficará marcado para sempre como o sonho nunca acabou e é prova viva de que a música vive em nossos corações e nos corações daqueles abençoados por Deus com a dádiva de saber fazer música para emocionar o mundo.
Essa graça divina está em Where In The World, uma das músicas mais lindas que já ouvi, onde Jack Bruce e Gary Moore protagonizam um dueto vocal maravilhoso.
Mas Deus é generoso e iluminou esses caras também ao fazerem alguns blues pesadões como Can't Fool The Blues e a veloz I Wonder Why (Are You So Mean To Me).
A simplicidade da canção faz de High Cost Of Loving uma das músicas mais gostosas de ouvir, principalmente o baixo sedoso e preciso de Jack Bruce e a condução da batera de Ginger Baker.
É isso aí galera, essa é a postagem mais honesta que já fiz (não que as outras não sejam), portanto escute agora essa maravilha e verá como é marcante Around The Next Dream.

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Arthur Brown - The Crazy World Of Arthur Brown
























Esse é um sujeito completamente pirado, talvez mais louco até que Lord Sutch ou Don Van Vliet (vulgo Captain Beefheart).
Ele costumava apresentar-se sustentando um chapéu em chamas e pintava um olho no umbigo!
Hoje em dia isso não é nada, basta ver que babacas como Marylin Mason fazem coisas "piores", mas estou falando de um gênio do rock que criou seu estilo à partir de 1966!
E mais: Arthur Brown era um visionário e um puta músico que influenciou muita gente anos depois.
The Crazy World Of Arthur Brown é um dos melhores discos de rock 'n' roll que eu já escutei e vou explicar o porquê: na mesma época os Beatles, Stones, Who, Hendrix e muitos outros também estavam lançando discos maravilhosos, um melhor que o outro, mas a loucura literalmente falando está em The Crazy World Of Arthur Brown.
Arthur Brown foi audacioso ao lançar esse disco, em meio a uma épca em que a música era rock, blues ou psicodélica e esse trabalho é inclassificável, de uma maneira em geral, sem rótulos.
Da mesma forma que Frank Zappa acreditou a vida inteira em sua música e trabalhou por ela até o fim de seus dias, Arthur Brown criou sua própria música e conseguiu reunir mais alguns músicos tão loucos quanto ele para gravarem seu disco, dentre eles o tecladista Vincent Crane e o batera Carl Palmer, ambos futuros integrantes do Atomic Rooster, o baixista Sean Nicholas e outro baterista, Drachen Theaker.
Apadrinhado por Pete Townshend, Arthur Brown lançou essa pérola quase perdida no tempo, que deve ser ouvida de cabo a rabo, sem interrupções.
Jogue seu Pondera no lixo, encha a cara de cerveja e quando tocar Fire lembre-se que o mundo é muito louco, menos você.

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Allan Holdsworth - I.O.U.























Allan Holdsworth é um guitarrista que ainda estou descobrindo, apesar de conhecer seu trabalho com o U.K. há um bom tempo.
Depois de ter colaborado com Soft Machine, Gong, Bill Bruford e etc. gravou I.O.U. em 1982 de maneira independente.
O disco acabou chamando a atenção de Mo Ostin, executivo da Warner Bros., através do guitarrista Eddie Van Halen, que chegou a tocar em dois shows da turnê de I.O.U.
Dono de estilo personalíssimo, veloz e criativo, Allan Holdsworth tem destaque especial entre os vários guitarristas de jazz-rock/fusion de sua geração, conseguindo renovar um estilo bastante saturado de idéias e músicos engajados no ideal de tocar jazz-rock.
Allan Hodsworth conseguiu aquilo que parecia quase impossível, ou seja, criar uma nova maneira de tocar guitarra dentro do próprio jazz-rock.
Ouça músicas como The Things You See (When You Haven't Got Your Gun), White Line ou Letters Of Marque e verá que o talento quase infinito de Holdsworth somado a voz maravilhosa de Paul Williams, ao baixo desconcertante de Paul Carmichael e a bateria marcante de Gary Husband poderá lhe transportar a um novo universo dentro do estilo.

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