Os princípios do Câmara de Eco.

A finalidade do Câmara de Eco é funcionar como modesta referência para aqueles que procuram novos e velhos sons, publicando informações e indicando bons trabalhos merecedores de audição mais atenta.
Da mesma forma que um amigo empresta um CD a outro, faço questão de apresentar a você, internauta amigo e amiga, boas amostras de rock, jazz, progressivo, blues e folk, e com isso, espero, possamos divulgar a música vista como forma de arte e não como um produto qualquer dentro de uma caixinha acrílica.
Abraços e boa diversão!
Lucon

segunda-feira, 28 de julho de 2008

The Syn - Syndestructible













Antes do histórico encontro entre o vocalista Jon Anderson e o baixista Chris Squire em um pub londrino, onde surgiu a idéia de formarem uma banda juntos que viria a ser o Yes, Squire era integrante de uma banda pop/psicodélica tipicamente britânica, chamada The Syn, entre 1965 e 1967.
O grupo durou pouco tempo, lançaram alguns singles e caiu no esquecimento. Em 2003 alguns integrantes originais resolveram juntar-se novamente, inclusive com a participação do primeiro guitarrista do Yes, Peter Banks, que logo caiu fora e com Chris Squire, aproveitando um período de férias do Yes.
Lançaram Syndestructible em outubro de 2005 e fizeram uma pequena turnê do disco. Em seguida, Squire saiu do grupo mas a banda está na ativa, com outra formação.
Não espere nenhuma sombra de Yes em Syndestructible, a não ser o baixo marcante e personalíssimo de Chris Squire. Canções pop deliciosas, com um pequeno toque progressivo, por isso muito bem arranjadas e executadas, sob a voz macia de Steve Nardelli, a guitarra de Paul Stacey, os teclados de Gerard Johnson, a bateria de Jeremy Stacey e o já citado baixo de Chris Squire.

Download.

Warhorse - Red Sea












O Warhorse é um fac simile do Deep Purple, com menos brilho e muito menos ainda, sucesso. Mas, nem por isso menos marcante e poderoso.
Talvez, ao lado de Captain Beyond com seu disco homônimo de 1972, uma das bandas mais injustiçadas dos anos 70.
Puro "hardão" britânico, quadradão e entupido até a veia do mais puro som de Hammond e guitarras com overdrive. Bateção de cabeça logo no início da década de 70, mais especificamente em 1972, quando lançaram seu segundo album, Red Sea, enquanto o mundo só tinha olhos, ou melhor, ouvidos para a santa trindade do som pesado: Sabbath-Purple-Led.
Os rapazes do Warhorse (hoje vovôs, é claro) não deixavam por menos e despejavam 100 megatons de potência quando Red Sea veio ao mundo. Basta ouvir Back In Time, por exemplo, com um solo incrível e alucinado de guitarra, trocando os canais em um clássico efeito pan, algo absolutamente esquecido hoje em dia, por nove entre dez guitarristas ditos "músicos audaciosos".
Audácia sim, era naquela época, onde além de poucos recursos tecnológicos e financeiros, os caras tiravam leite de pedra.
Sem contar ainda, o vocal emocionante e dono de um poderoso trinado agudo e rasgado, que tinha Ashley Holt, um dos meus vocalistas favoritos, ao lado de Gillan, Anderson, Hughes, Gilmour e tantos outros que ainda deixam sua contribuição para música.
Que o digam os fãs de Rick Wakeman, com quem Ashley Holt trabalhou durante anos e anos, inclusive, cantando no fantástico Journey to the Centre of the Earth e outros.
Mas Ashley não estava sozinho, pelo contrário, seus amigos de banda quebravam tudo ao seu lado, como o baterista Mac Poole e o tecladista Frank Wilson, em Mouthpiece por exemplo, que conta inclusive com um solo de bateria perfeito.
Completavam o time o guitarrista Pete Parks e um sujeito no baixo, que foi co-fundador do Deep Purple: Nick Simper.
A história do rock dá voltas e voltas, e voltas...

Download.

Temple Of The Dog - Temple Of The Dog























Confesso que não sou fã incondicional de Pearl Jam e Soundgarden, apesar de considerá-los ótimos e uma das poucas bandas que se salvam da primeira metade dos anos 90, daquilo chamado movimento grunge.
Mas não seria hipócrita em afirmar que Temple Of The Dog não é a sacada mais legal daquele movimento. Aliás, vou além: Temple Of The Dog é o disco de rock 'n' roll mais legal e bem feito naquele período e é tão bom, que continua atualíssimo até hoje, sem carregar o estigma de banda grunge.
Esses caras foram muito além e conseguiram fazer um album perfeito, com um punch violentamente rock 'n' roll. Lançado em 1990, Temple Of The Dog foi uma homenagem ao ex-vocalista do Mother Love Bone, Andrew Wood, que havia falecido no mesmo ano, vítima de overdose de heroína. Alguns integrantes do Mother Love Bone, Soundgarden e mais dois amigos trabalharam nesse disco-homenagem e, em seguida, o Soudgarden seguiu seu caminho e o Pearl Jam foi criado, desfazendo-se o projeto.
Quem não se lembra nos anos 90, do videoclip de Hunger Strike na MTV, onde Chris Cornell (Soundgarden) e Eddie Vedder (Pearl Jam) protagonizam um dueto vocal incrível?
Além dos dois citados, Temple Of The Dog era formado pelo baterista Matt Cameron (Soundgarden), o guitarrista Stone Gossard (Mother Love Bone, Pearl Jam), o baixista Jeff Ament (Mother Love Bone, Pearl Jam) e o guitarrista Mike McCready (Pearl Jam).
Difícil citar as melhores músicas desse trabalho, pois o disco inteiro é ótimo, mas eis alguns petardos: Say Hello 2 Heaven, Reach Down, Pushin Forward Back e a incrível Call Me A Dog.

Colosseum II - Strange New Flesh













Colosseum II é uma "continuação" do primeiro Colosseum, capitaneado pelo único integrante original, o baterista Jon Hiseman, em 1975.
Strange New Flesh é o primeiro disco dessa segunda fase da banda, lançado em 1976.
Uma verdadeira paulada jazz rock/fusion que tinha em seu line-up nada mais, nada menos, que Gary Moore (guitarra, vocais), Don Airey (teclados), Neil Murray (baixo) e Mike Starrs (vocais).
Divisor de águas, pode agradar tanto aos fãs de fusion, quanto aos de hard, tamanho equilíbrio e virtuosismo de seus integrantes.
Lançaram mais três discos até 1978, quando a banda foi definitivamente dissolvida e alguns de seus integrantes são hoje, mundialmente conhecidos por seus trabalhos solo ou em colaboração ou participação em outros grupos, como Gary Moore (Thin Lizzy), Neil Murray (Whitesnake, Black Sabbath) e Don Airey (Ozzy Osbourne, Rainbow, Deep Purple).
Jon Hiseman ainda reformulou o Colosseum (o primeiro) em 1994 para a gravação de um cd ao vivo, DVD e outros lançamentos de estúdio.

Download.

Deus Ex Machina - Deus Ex Machina















Ouvi Deus Ex Machina pela primeira vez, em 1995, através do programa "A Hora do Dinossauro", na Brasil 2000 FM, apresentado à época pelo célebre radialista e produtor musical, Sérgio Avellar, com quem tive a honra e prazer de trocar algumas palavras em uma ocasião daquele ano.
Formado por músicos italianos, o Deus Ex Machina é uma banda de progressivo por excelência, relativamente atual (foi formado em 1985 e lançaram seu primeiro disco em 1990), e têm uma sonoridade altamente pessoal e única: os caras cantam em latim!!
É absolutamente maluco e doido ouvir uma banda, seja lá qual for, cantando em latim!!
Como se trata de uma banda de progressivo, a coisa toda "cola" legal demais!! É uma experiência única e incrível ouvir Deus Ex Machina. Particularmente tornei-me um grande fã desses caras (quando comprei esse album homônimo de 1992) que são verdadeiros heróis em dias atuais, fazendo rock progressivo e, ainda por cima, cantado em latim.
Alberto Piras é o dono da voz do Machina, com um timbre fantástico que vai do grave ao agudo com a maior desenvoltura possível - vide músicas incríveis como Vacuum ou Hostis.
Mas a galera do Machina é de tirar o chapeu: Claudio Trotta (bateria), Alessandro Porre Porreca (baixo), Maurino Collina (guitarra), Alessandro Bonetti (violino) e Luigi Riccia Ricciardiello (teclados) completam o time e elevam o Deus Ex Machina à enésima potência do progressivo mundial, sem exageros algum.
Basta ouvir, por exemplo, a épica, fantástica e emocionante Cor Mio, com um trabalho lindo de violino seguido pela voz de Alberto, culminando em um solo de synth, de matar a pau.

Download.

Family - Fearless






















Um album simplesmente brilhante! Um dos melhores trabalhos de progressivo que já ouvi e que pode agradar a gregos e troianos.
Fearless é um mix de rock, folk, progressivo e experimentalismo, confirmando o Family como um grupo totalmente avant-garde, ultrapassando os limites tradicionais do rock and roll e avançando sobre o território desconhecido, tal qual um front militar em uma batalha decisiva.
Tão decisivo foi a proposta musical do Family, que sua carreira não durou mais que seis anos, dissolvendo-se em 1973, talvez por brigas internas ou pela constante mudança de formação, não sei ao certo.
O fato é que seus trabalhos são excelentes, verdadeiras obras-primas, em especial Fearless, com sua coleção de pérolas, como Larf and Sing, Spanish Tide, Take Your Partners e a linda Burning Bridges.
Há de se ressaltar a grande colaboração do sempre polivalente baixista e vocalista John Wetton, decisivo na criação e execução de Fearless e que, mais tarde, emprestou seu talento ao King Crimson, em sua fase mais visceral e avassaladora (1972-74).
Mas não foi apenas Wetton o responsável por essa maravilha: ao seu lado estavam o grande Roger Chapman (vocais e outros), mentor e líder dessa família, sujeito absolutamente maluco (basta ver a apresentação da banda no festival da ilha de Wight, em 1970), Charlie Whitney (guitarra e outros), John Palmer (teclados e outros instrumentos que contenham pelo menos uma tecla) e Rob Tonwsend (bateria).
Viaje mais uma vez por uma perspectiva musical diferente e muito agradável, sem aquela nóia característica do progressivo latente. Procure também por A Song for Me (1970) e It's Only a Movie (1973).
Download.

Steve Hackett - Voyage Of The Acolyte



Propositadamente postei artigos sobre Genesis, Tony Banks e nosso herói, Steve Hackett, em uma singela homenagem à musicália do Genesis, mais que merecida aqui, no Câmara.
Steve Hackett é um guitarrista impecável, o verdadeiro inventor do "two hands" (técnica desenvolvida por ele, ao teclar com a mão direita as notas no braço da guitarra) e dono de um estilo marcante e inconfundível. Basta ouvir uma música e você dirá "esse é Steve Hackett!!".
Sua colaboração com o Genesis foi marcante. Na verdade, sempre digo aos meus amigos que o Genesis não "acabou" com a saída de Peter Gabriel, mas sim, quando Steve Hackett pulou fora do barco, em 1977.
Foi traumático para os fãs do Genesis encarar a saída de Steve, ainda mais para mim, que não consigo dormir desde aquele ano, só de pensar que o Genesis ainda é chamado "Genesis", mesmo sem Steve Hackett.
Brincadeiras à parte, Voyage of the Acolyte é uma espécie de precursor das idéias contidas em A Trick of the Tail (1976) e Wind and Wuthering (1977) porém, é claro, com mais ênfase às partes instrumentais e diálogos de sua guitarra e violão, mas ainda assim é possível reconhecer o trabalho individual prestado pela guitarra de Steve nos trabalhos com o Genesis.
Extremamente experimental, complexo e confuso, Voyage of the Acolyte mostra um Steve Hackett cheio de energia para queimar e atirando para todos os lados.
Mais complicado é tentar definir esse disco, que possui trezentos climas ao mesmo tempo, como se fosse um filhote de leoa sedento pela primeira amamentação.
Sinto que Steve estava com muita bala na agulha durante sua presença no Genesis e precisava dispará-las em um album solo.
1975 contemplou o mundo com o lançamento de Voyage of the Acolyte, em meio a indecisão do Genesis pela procura de um vocalista que pudesse substituir Peter Gabriel a altura. Interessante era o selo fixado na capa do LP: "Steve Hackett and his friends of Genesis". Será que ainda são tão amigos, assim?
Deixo essa pergunta aos mais aficcionados por Genesis pós anos 80...
De fato, isso não importa mesmo. O que realmente importa é ouvir uma figura humana e seus amigos produzirem coisas maravilhosas como Shadow of the Hierophant e Star of Sirius nos dias de hoje, em meio a uma época em que DJ's "tocam" em festas...
Meu Deus, se DJ's podem "tocar" nos dias de hoje, então o que esses caras do Genesis e outros mais faziam nos 70's??
Só para registrar: MIke Rutherford (baixo), Phil Collins (bateria e vocais), John Hackett (flauta, teclados), John Acock (teclados, mellotron), Robin Miller (sopros), Nigel Warren-Green (celo) e Sally Oldfield (vocais celestiais); Kim Poor fez a arte desse album e de muitos outros discos de Steve. Ela é brasileira e casada com ele há muitos anos.
Download Parte 1.
Download Parte 2.

Julie Driscoll (Tippetts) & Brian Auger - Streetnoise / Encore














O advento da internet é fantástico, de fato. Tento imaginar como era a divulgação das idéias e das obras a quarenta anos atrás. Para os padrões de hoje, devia ser algo absurdamente atrasado e lento. Mesmo assim, com toda informação e facilidades para divulgação e expansão das idéias que temos nos dias atuais, ainda perdemos muito tempo com coisas banais e idéias erradas/confusas, e não usamos os recursos disponíveis em sua totalidade.
Escrevo isso para exemplificar o som postado aqui: mesmo com toda tecnologia e facilidades disponíveis no momento, descobri esses sons do modo mais tradicional, através de um grande amigo, profundo conhecedor e degustador de boa música, em todas as suas vertentes: Marcelo, mais conhecido em minha cidade como Bola.
Em certa ocasião, o Bola apresetou à mim Brian Auger... eu pirei quando escutei, pela primeira vez, um sujeito mandar bala em um piano Fender Rhodes + Hammond, como esse cara faz.
Por outro lado, como sou fanático por King Crimson, comecei a correr atrás da obra do colaborador Keith Tippett, que é pianista e tocou em Lizard (1971), do "Crimso".
Dessa forma, descobri a vocalista Julie Tippetts, que antes de se casar com o pianista Keith Tippett, usava o nome Julie Driscoll.
Desse forma, encontrei alguns albuns do Brian Auger com Julie (Driscoll ou Tippetts, como preferirem) e decidi postá-los aqui.
Meu amigo ou amiga: saia do casulo e baixe isso agora. Se você está lendo esse artigo é porque está a procura de coisas novas e boas.
Sim, claro, estou falando de dois albums lançados em fases diferentes (Sreetnoise - 1969 e Encore - 1978) e dito "velhos", mas a velhice está na cabeça daqueles que se prendem a modismos.
Nós - digo nós porque eu, você e outros que acessam o Câmara de Eco e fazem desse blog um verdadeiro sucesso entre os blogs menos acessados da internet - procuramos por informações e música de qualidade.
A música é atemporal, não tem idade e não envelhece, portanto você já perdeu muito tempo em não baixar esses dois trabalhos de Julie & Auger e aproveitar uma boa noite de sábado, ao lado de seu marido ou esposa, namorado ou namorada, acompanhado pelo som estiloso e sofisticado dessa dupla.
Ouça os teclados eletrizantes de Brian Auger com seu grupo, o Trinity, somado a voz incrível e linda de Julie, nesses dois trabalhos.
Selecione Indian Rope Man ou Ellis Island (ambos do Streetnoise), aumente o volume e chame sua mulher para dançar, seu vagabundo!!
Dedico essa postagem ao meu grande amigo Bola, fiel parceiro e fã de Widespread Panic e Gov't Mule.
Download Streetnoise.
Download Encore.

Kraftwerk - Radio-Activity (re-post 11/08)

















Curtir Radio-Activity (1975) é a mesmíissima coisa que curtir Dark Side of the Moon, do Pink Floyd: não basta escutar uma música apenas, tem que ouvir o disco em sua totalidade e assimilar seu desenvolvimento e evolução.
Muitos podem me malhar nesse instante por postar um disco de uma banda eletrônica, mas sejamos honestos, francos e racionais: o Kraftwerk é talvez, a única banda verdadeiramente eletrônica.
Eu explico: ouvi vários mitos a respeito desses alemães e um deles diz que seus integrantes eram engenheiros eletrônicos e construíam seus próprios instrumentos.
Se é verdade ou não, eu não sei... o fato é que isso não diminui sua importância para a música em geral.
Sou bem radical nesse quesito: falar que o Kraftwerk é o pai ou avô da música eletrônica, para mim, é balela.
Kraftwerk é único e o que vem depois deles é merda pura. Não vamos culpar esses caras por toda porcaria que surgiu nos anos 80 e nem por toda a merda e escarro tecnológico dos anos 90 e 2000.
Infelizmente, creio eu, o mesmo sujeito chamado Robert Moog, que criou uma maravilhosa parafernália tecnológica chamada Minimoog, no final dos anos 60 - que foi a base do som do Kraftwerk nos anos 70 - também lançou as bases para a música eletrônica dos 80 e também serviu de base para a criação da música eletrônica, ainda nos 80's e, posteriormente, nos 90's e 2000's, com o advento de programas como Protools e afins.
Portanto, liberto o Kraftwerk de qualqer culpa, mesmo não sendo Deus para isso.
Radio-Activity surgiu à base de muito Minimoog, Mellotron, bateria eletrônica jurássica e algo mais que o valha.
Totalmente frio, calculista e sem exprimir qualquer sentimento de emoção ou prazer, ainda assim, Radio-Activity nos transporta a uma Alemanha da metade dos anos 70, onde quatro cidadãos divulgavam sua novíssima idéia musical, à base de sintetizadores britânicos, para um público diverso.
A idéia foi assimilada de maneira rápida e a banda despontou cada vez mais, alavancando um público maior e de diferentes nações, afinal de contas, sua proposta musical era completamente inovadora.
Talvez, ainda na primeira metade dos anos 70, um dos poucos músicos a se arriscar em campos "desconhecidos" tenha sido o pianista erudito John Cage, precursor do piano percussivo, à base de intervenções de timbres e técnicas que incluíam a inserção de objetos nas cordas do piano, como copo de vidro por exemplo, para alterar a sonoridade do instrumento.
Se vamos falar de Kraftwerk, então, assunto encerrado.
Geiger Counter abre o disco em alusão ao período frio que o mundo, em especial a Europa, vivia naquele ano de 1975. Vale lembrar, mais uma vez, em duas obras do Pink Floyd, que representam bem essa idéia: Wish You Were Here (1975) e Animals (1977).
Guerra fria em sua potência máxima e o planeta aguardando apenas uma explosão nuclear. O mundo estava amedrontado e criou-se uma expectativa muito grande. Ainda bem que não aconteceu...
Radioactivity (a música) nos proporciona uma grande expectativa à base de teclado Mellotron, pautado em efeitos osciladores de frequência. Viagem pura...
A grande surpresa está em Radioland: o Kraftwerk vem à tona em sua potência máxima, ou seja, todos os instrumentos eletrônicos sobre uma base forte e constante de bateria eletrônica, em uma música que, por incrível que pareça, inspira alegria.
Mais uma vez, o velho Mellotron fazendo as bases...
Não vou resenhar o disco inteiro, isso enche o saco; portanto,baixe agora e tire suas próprias conclusões.
Procure também por Autobahn (1974) e Trans-Europe Express (1977): se gostar de Karftwerk bem, se não gostar, amém.
NINGUÉM se aproxima de Karftwerk. Kraftwerk é ÚNICO.

Download.

Medeski Martin And Wood - Shack-man




Fake. Medeski Martin And Wood é algo absolutamente fake.
Não sei qual é a sua e nem estou afim de saber. Se está aqui, lendo essa postagem é porque está à procura de algo especial, correto? Então vamos nessa, mais uma vez.
Medeski Martin And Woood representa uma nova-velha geração jazzística; intuitivamente e inexplicavelmente, esses três norte-americanos de New York despontaram no meio musical ainda nos anos 90, chamando a atenção de velhos conservadores apreciadores de jazz e também da nova turma, representados por jovens músicos e aficcionados pelo estilo, em geral.
Sejamos francos: particularmente não manjo porra nenhuma de jazz. O pouco que conheço tento compartilhar com vocês, amigos do Câmara.
Rezo para não ficar velho e sofrer de "colecionite" (pessoas que não compartilham MP3 e outras mídias) e nos privar de maravilhas como essas.
Portanto, se você é daqueles sujeitos que sofrem de colecionite, caia fora daqui: o Câmara de Eco tem como finalidade principal divulgar a boa música e compartilhar arquivos. Acho que estou muito ácido nessa semana. rsrs
Bem, o prato principal do Medeski Martin And Woood é o órgão Hammond, claro. Mas, como já citado aqui em alguma outra postagem, vale ressuscitar o espírito do bom e velho John Cage, precursor do "teclado modificado", onde John Medeski deve ter se inspirado, pelo menos um pouco.
John Medeski é um gênio das teclas: experimentalista ao extremo, dá o tom e a melodia ao som do trio enquanto o baixista Chris Wood e o baterista Billy Martin se encarregam de conduzir o tema do trio, fazendo a "cama" para Medeski desfilar sons e timbres inovadores e viajantes.
Sim, Medeski Martin And Woood consegue inovar em plenos anos 2000's, tamanha possibilidade e recursos que esse maldito e idolatrado Hammond B3 proporciona.
Será preciso duzentos anos de musicália e ainda assim os tecladistas não terão explorado todos recursos e possibilidades desse monstro chamado Hammond B3.
O trio desfila ousadia, groove e muito, mas muito experimentalismo, a cargo de nosso querido John Medeski.
O cara esbanja técnica e ao mesmo tempo simplicidade em Lifebood, por exemeplo. Mas não para por aí: escute o baixo envolvente e a bateria onipresente de Billy Martin em Jelly Belly.
Se você é apaixonado pelos timbres alucinantes, vibrantes e empolgantes de um bom e velho órgão Hammond, não deixe de ouvir essa pérola raríssima de Medeski Martin And Woood: Shack-man (1996).
Termino essa postagem ouvindo Think.
All That Jazz!!
Download.

Renaissance - Novella













Liderado pela belíssima vocalista Annie Haslam, o Renaissance foi formado no ano de 1969 pelos ex-Yardbirds Keith Relf e Jim McCarty, que deixaram o grupo em 1970. Annie Haslam entrou em 1971 e sua belíssima voz marcante tornou-se marca registrada do som do grupo.
Com um mix de progressivo, música celta e folk, Novella (1977) é um dois mais belos álbums de progressivo que já ouvi.
O rock progressivo é tão abrangente, completo e expansivo que admite e incorpora outros estilos, fundindo-se em um único som.
É por essa ótica que devemos ouvir Novella, um trabalho singular e único na história do progressivo.
Ao lado da bela voz de Annie Haslam, Jon Camp (baixo), Michael Dunford (violões), John Tout (teclados) e Terence Sullivan (bateria) constroem músicas que remetem à idade média, com uma sensibilidade e tato incríveis, transbordando emoção.
Can You Hear Me? e Midas Man representam muito bem a magia desse trabalho do Renaissance, que fecha com chave de ouro com o piano-tango de Touching Once (Is So Hard To Keep).
Música sensível e inteligente para pessoas de sensibilidade e inteligentes.

Download.

Point Blank - Second Season (re-post 03/09)

















Formado em 1974, os texanos do Point Blank faziam um southern rock de arrasar quarteirão.
O quinteto Rusty Burns e Kim Davis (guitarras), John O'Daniel (vocais), Buzzy Gruen (bateria) e Phillip Petty (baixo) lançou seu segundo álbum, Second Season, em 1977 e após algumas mudanças de formação e seis discos lançados a banda encerrou as atividades em 1982.
Altamente recomendado para quem curte Lynyrd Skynyrd e Molly Hatchet, talvez o Point Blank não tenha conquistado o sucesso e prestígio das bandas citadas mas nem por isso menos importante.
Os vocais de John O'Daniel e os riffs poderosos da dupla Rusty e Kim mostram que o Point Blank não estava para brincadeira. Era música de adulto e não prestava para crianças.
Músicas como Part Time Lover, Back In The Alley, Uncle Ned, Nasty Notions e a bomba atômica Tattooed Lady me dão vontade de pular de bungee jump sem corda. Loucura total e pura bateção de cabeça!!

Vide comentários.

Planxty - Planxty














O Planxty é uma autêntica banda de música tradicional irlandesa.
Muita gente confunde música irlandesa com música celta ou medieval mas são estilos completamente distintos entre sonoridade, época, localidade e principalmente tradição.
Pior que isso é confundir música tradicional irlandesa com new age, idéia promovida pela própria indústria fonográfica para vender mais e mais discos e induzir o ouvinte a comprar um produto pensando ser outro.
A música tradicional da Irlanda (a ilha, e não o país) é secular e bem representada no século passado por bandas como o Planxty, Bothy Band e Chieftains, todas oriundas da década de 60 e muito fiéis às tradições irlandesas, com a utilização de instrumentos típicos de sua cultura, como o "fiddle" (violino), a flauta e o "tin whistle", a harpa e "o’carolan", o a
cordeão e o "uileann pipe" e o bodhrán (tambor irlandês), além dos próprios cantos em inlgês ou gaélico.
O Planxty foi um dos responsáveis pela redescoberta dessa belíssima cultura musical, que me despertou interesse após assistir à um filme em que vários escravos irlandeses entonam cantos tradicionais em uma embarcação em alto mar. Infelizmente não lembro o nome do filme, sou péssimo em cinema.

Essa é uma atmosfera musical completamente diferente do que estamos habituados a ouvir, vale a pena navegar por oceanos descohecidos e descobrir maravilhas como esse Planxty (1973), seu primeiro trabalho que contava com Andy Irvine (bouzouki - instrumento de cordas - mandolin, harmônica e vocais), Dónal Lunny (bouzouki e vocais), Christy Moore (vocais, violão e bodhrán) e Liam O'Flynn (uilleann pipes - espécie de gaita de fole - e whistle - espécie de apito).
Só para lembrar, Christy Moore seguiu uma bem-sucedida carreira solo após sua saída do Planxty, em 1975.
Essa postagem é uma homenagem aos meus amigos e padrinhos Fábio Castejon e Maria Cláudia que estão nas terras do Planxty.

Download.

Isaac Hayes - Hot Buttered Soul



















Esse é o disco que mudou o rumo da soul music e de tudo que poderia ser chamado de black music ainda nos anos 60.
Se você procura pelo album perfeito de soul music e ainda não conhece Hot Buttered Soul (1969) do genial Isaac Hayes, então se prepare pois depois de ouvir essa maravilha carregada de emoção e mais umas garrafas de bom vinho, você fará amor pela marugada adentro com sua parceira ou parceiro, sem parar.
Isaac Hayes canta o amor, o desejo e a paixão ao longo das quatro longas faixas que compõem Hot Butterd Soul, com sua belíssima voz grave e aveludada.
Após a morte de Otis Redding e quatro músicos de sua banda de apoio, os Bar-Kays, a gravadora Stax entrou em dificuldades financeiras e foi vendida. A nova direção decidiu lançar 27 discos ao mesmo tempo e entre eles estava esse desconhecido álbum.
Sem muitas pretensões, Isaac Hayes contou com a participação dos Bar-Kays sobreviventes Willie Hall (bateria), James Alexander (baixo) e Michael Toles (guitarra), entre sessões exporádicas de gravação.
O fato é que quando o disco foi lançado, uma nova janela foi aberta para a soul music e novas perspectivas surgiram para o estilo, tamanha importância desse trabalho inovador e experimental, alterando para sempre os padrões da soul music.
Issac Hayes infelizmente faleceu em 10 de agosto desse ano, mas deixou para nós o legado de sua música emocionante e genial.

Download.

Greenslade - Greenslade













Dave Greenslade (teclados) e Tony Reeves (baixo) fizeram parte da primeira encarnação do Colosseum. Andrew McCulloch foi baterista do King Crimson em Lizard e Dave Lawson (teclados e vocais) não tenho a menor idéia de onde surgiu.
O fato é que Greenslade (1972) é o primeiro disco desse quarteto de rock progressivo britânico.
Nada de exageros ou vistuosismo, bem comedido até e muito agradável. Há até algumas surpresas como em Mélange, com um solo de baixo muito bacana, com alguns efeitos de delay que lembra um pouquinho o solo de Chris Squire (Yes) em Fragile, intitulado The Fish, e a penúltima música, What Are You Doin' To Me?, com um instrumental intrincado e o maravilho som de dois órgãos Hammond. Vale a pena conferir.

Download.

Grand Funk Railroad - On Time












O Grand Funk Railroad surgiu em 1964, na cidade de Flint, Michigan. Seu nome é uma homenagem à estrada de ferro que passava pela cidade e a banda era muito querida nos EUA por sua sonoridade e grande patriotismo.
Idealismos à parte, o que importa aqui é o som. Após algumas mudanças de formação e nome, chegaram definitivamente ao ano de 1969 com Mark Farner (guitarra e vocais), Mel Schacher (baixo) e Don Brewer (bateria e vocais) para lançarem seu primeiro álbum intitulado On Time.
Apesar de ser o primeiro álbum, On Time é marcante e tem muita personalidade, mostrando que o Grand Funk sabia muito bem o que queria naquele momento.
Há vários outros discos em sua discografia melhores que esse, mas por ser o primeiro e não ser confuso - algo comum quando algumas bandas fazem sua estréia em estúdio - decidi postá-lo para que mais e mais pessoas possam apreciá-lo.
O play abre com um hit da banda, Are You Ready?, um hard quadradão, sem muitas mudanças.
A audição segue com mais hard como a bacana Anybody's Answer, o blusão Time Machine, e algumas músicas embrionárias do som do trio, como Into The Sun, a emocionante Heartbreaker, Call Yourself A Man (bateção de cabeça, hardão de primeira!) e a muito louca Ups And Downs.
O Grand Funk mostrava ali que muita coisa boa ainda estava por vir e que apesar de não serem músicos extraordinários a América ainda ia desfrutar muito de sua sonzeira.

Download.

Gov't Mule - Gov't Mule / Dose




Desde seu surgimento em 1994, essa é a maior banda de rock do mundo, sem exageros, até os dias de hoje.
Formado por dois integrantes que ingressaram no Allman Brothers Band em 1989, Warren Haynes (guitarra e vocais) e Allen Woody (baixo), mais o baterista Matt Abts, lançaram seu debut Gov't Mule em 1995 e o segundo álbum, Dose, em 1998.
Power trio elevado a enésima potência da palavra, o Gov't Mule conseguiu conquistar uma pequena legião de fãs apaixonados por sua música e incríveis performances ao vivo, fortemente influenciados pelo blues, funk, jazz e com muitos improvisos, ou seja, uma banda completa, imbatível por assim dizer.
Impossível não ficar parado ao som de Monkey Hill, Left Coast Groovies ou Mule, uma das músicas MAIS LEGAIS QUE JÁ OUVI NA VIDA, com um riff matador de Warren Haynes e o baixo pulsante e assutador de Allen Woody, não parando um segundo sequer. Todas essas de Gov't Mule.
Entre os dois discos os caras acharam tempo para lançar um álbum ao vivo, registrando uma performance inesquecível do trio.
Dose abre com a quebradeira de Blind Man In The Dark, como quem diz "abra passagem para a Scania passar"!!
Em seguida sem muitos rodeios, vem a segunda música que mais gosto da banda, a incrível e espetacular Thorazine Shuffle, com uma linha de baixo simples e envolvente, porém absurdamente incrível. E como em uma construção, tijolo por tijolo a banda vai construindo a canção onde mais uma vez Warren Haynes destrói com seus riffs e efeitos muito bem sacados. E digo mais: ele foi buscar através de um túnel do tempo muita inspiração para construir a sonoridade do Gov't Mule, porque camarada, esse cara toca muito!!
Sem falar no trampo de batera de Matt Abts que tem que se desdobrar para acompanhar o alto nível da banda. E consegue, pois ele rouba a cena nessa música em versões ao vivo.
Há também o blusão arrasa-quarteirão de Thelonius Beck, a baladona I Shall Return e a arrastada Larger Than Life.
Não tenho palavras para descrever o som do Gov't Mule, apesar de estar um pouco descontente com a sonoridade um tanto pesada dos últimos trabalhos da banda, mas esses dois discos aqui postados são os melhores para mim, e talvez os álbums mais importantes daquela segunda metade dos 90's.

Download Gov't Mule.
Download Dose.

David Crosby - If I Could Only Remember My Name



Durante o ano de 1970 David Crosby reuniu uma turma de amigos para ajudá-lo a fazer If I Could Only Remember My Name, talvez o album mais singular dentre todos os discos solo que os integrantes do Crosby Stills Nash & Young lançaram individualmente.
Dentre várias participações, posso destacar a de Joni Mitchell (vocais), Graham Nash e Neil Young (vocais e guitarras), Jerry Garcia e Phil Lesh do Grateful Dead (guitarra e baixo, respectivamente), Jack Casady do Jefferson Airplane (baixista) e Gregg Rolie (tecladista do Santana).
Gravado em meio às folgas da turnê de Déjà Vu, esse pode ser considerado como o disco das férias de luxo. Mesmo despretensioso, Crosby e seus amigos escreveram uma obra de arte, quase sem querer.
O espírito flower power presente naquele período, a amizade entre os músicos e o esforço comunitário para gravarem um material de altíssima qualidade fazem desse disco não apenas o primeiro disco solo de Crosby, mas sim, o disco de todos os envolvidos.
Você pode não sentir a impotância desse trabalho de David Crosby, é natural e compreensível, mas escute pelo menos Laughing ou What Are Their Names e poderá comprovar que algo de muito bacana e especial acompanhou esses caras durante as sessões de gravação. Pode ser que apenas o sentimento de amizade foi suficiente para fazer esse disco tão especial e bonito.
Download.

Traffic - The Low Spark Of High Heeled Boys















Não há como ouvir Traffic e não se emocionar com sua música única, especial e inigualável, a começar por seu líder e mentor, o vocalista, guitarrista e tecladista Steve Winwood (ex-Spencer Davis Group e Blind Faith).
Dono de uma belíssima voz e incrível senso de composição e harmonia, Steve Winwood contou com mais algumas feras para criar o quinto disco do grupo, Low Spark Of High Heeled Boys (1971): Chris Wood (saxofone, flauta), Jim Capaldi (vocais, percussão), Ric Grech (baixo, violino), Jim Gordon (bateria) e Rebop Kwaku Baah (percussão).
Em Low Spark Of High Heeled Boys o som do Traffic transcende e leva o ouvinte à um patamar musical e sonoro inovador e surreal, diferente de qualquer coisa que havia naquele período, graças à ousadia e muito bom gosto ao fundir o rock com jazz, salpicado com percussões suaves e instrumentos de sopro que dão o tom estiloso e ao mesmo tempo enigmático ao som do grupo.
Estou falando de um trabalho lançado há mais de 35 anos e atualíssimo mesmo nos dias atuais, tamanha sensibilidade e felicidade que esses músicos tiveram ao gravar essa obra maravilhosa do rock and roll.
Ouvir Hidden Treasure, The Low Spark Of High Heeled Boys e Rainmaker é uma experiência indescritível, que a cada audição nos faz descobrir novos detalhes e timbres perdidos nessa massa sonora produzida pelo fantástico Traffic.

Download.

Tony Banks - A Curious Feeling
















A Curious Feeling (1979) é o primeiro álbum solo do tecladista do Genesis, Tony Banks.
Até lembra bastante a sonoridade do Genesis pós-Peter Gabriel. Dessa forma pode-se perceber a importância de Tony Banks para o Genesis progressivo, claramente um músico que contribuiu muito para a cosntrução da sonoridade da banda e injustamente pouco citado entre os grandes tecladistas do rock, talvez por sua discrição e presença de palco comedida.
Mas isso não me impede de escrever que Tony Banks é um músico brilhante, dentro e fora do Genesis, como mostra A Curious Feeling em canções formidáveis como The Lie, After The Lie, a progressivona Somebody Else's Dream e The Waters Of Lethe .
Peter Banks gravou todos os teclados, guitarras e baixos do disco e contou com o apoio do vocalista Kim Beacon e do baterista do Genesis, Chester Thompson, para fazer um grande disco solo em meio à uma época em que o Genesis já estava em cacos.

Download Parte 1.
Download Parte 2.

Steve Howe - The Steve Howe Album




Steve Howe é meu guitarrista preferido, sou fã incondicional desse cara, portanto suspeito em falar a respeito dele.
Ainda assim, não é preciso um fã para falar bem desse sujeito pois sua vitoriosa carreira já diz tudo.
Foi o segundo guitarrista do Yes, entre 1970 e 1981. Retornou à banda em 1996 e não saiu mais do lugar de onde nunca deveria ter saído.
Dono de uma técnica peculiar e fraseados coloridos, Steve Howe deu uma nova dinâmica ao som do Yes, onde pôs em prática toda sua influência erudita, partindo para vários intrumentos elétricos e acústicos como a guitarra convencional, o double-neck (guitarra de dois braços), a sítara elétrica, slide guitar, violões e violas de 6, 10 e 12 cordas, mandolim e aquela que é sua marca registrada, a Gibson semi-acústica.
Fã de Wes Montgomery, Steve Howe ultrapassou as barreiras do Yes para dar vazão às suas idéias musicais e lançar uma enxurrada de discos solo, principalmente após os anos 90.
The Steve Howe Album (1979) é seu segundo trabalho, primoroso, singular e genial, presenteando seus fãs com tudo aquilo que se espera de um exímio guitarrista: música de qualidade e altíssimo nível.
É emocionante ouvir e ver Steve Howe em ação com toda sua dinâmica e genialidade, trocando de instrumentos e não abrindo mão em utilizar todos os recursos disponíveis para levar ao público suas idéias musicais, ainda que seja apenas e simplesmente um guitarrista.
Além de todas as suas qulidades, Steve Howe também canta e possui um timbre de voz especial, mesmo que esse atributo não seja sua maior especialidade.
Impossível não se emocionar com canções como Pennants, All's A Chord, a belíssima Look Over Your Shoulder e o arranjo tocante e especial para Concerto In D (Second Movement) de Vivaldi e a mejestosa Double Rondo.
Steve Howe sempre será meu herói da guitarra e hoje, no alto de seus sessenta e um anos, está melhor do que nunca.
Sua música e performances estão guardadas no lado esquerdo de meu peito, pelo resto de minha vida.

Download.