Os princípios do Câmara de Eco.

A finalidade do Câmara de Eco é funcionar como modesta referência para aqueles que procuram novos e velhos sons, publicando informações e indicando bons trabalhos merecedores de audição mais atenta.
Da mesma forma que um amigo empresta um CD a outro, faço questão de apresentar a você, internauta amigo e amiga, boas amostras de rock, jazz, progressivo, blues e folk, e com isso, espero, possamos divulgar a música vista como forma de arte e não como um produto qualquer dentro de uma caixinha acrílica.
Abraços e boa diversão!
Lucon

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Heart - Dreamboat Annie




















Você não daria nada por uma banda chamada Heart, correto?
Pois bem: a banda formada pelas irmãs Ann Wilson (vocais e violão)
e Nancy Wilson (guitarra e vocais) só tinham de fraquinho o nome, porque o som dessas duas gatas é muito bom, com fortes influências de Led Zeppelin.
Ann Wilson tem uma voz linda e perfeita, casando muito bem com o rock 'n' roll de primeira praticado pela trupe.
Dreamboat Annie (1976) é o debut das garotas, um disco perfeito e bem lapidado, surpreendente, a começar pela primeira música Magic Man e a belíssima Soul Of The Sea.
O disco varia entre vários "rockões" e baladas, dando o equilíbrio exato e necessário a um grande álbum de rock 'n' roll.
Vale destacar também a grande participação de Roger Fisher e Howard Leese (guitarras) e Steve Fossen (baixo), dentre vários bateristas convidados e outros músicos.
Aumente o volume em White Lightning & Wine, isso é rock 'n' roll meu chapa!!

Wendy & Bonnie - Genesis
























Infelizmente sei muito pouco ou quase nada a respeito das irmãs Wendy e Bonnie Flower.
Descobri essa disco quando escutei um sample da música By The Sea no álbum Phantom Power, do Super Furry Animals.
Genesis (1969) é o único registro dessa dupla, fortemente influenciado pelo rock psicodélico de São Francisco e pelo folk. Foi grata a surpresa quando ouvi pela primeira vez essa gravação, um disco bem bacana e perdido no tempo.
A voz de Wendy é suave e macia, casando muito bem com a cama que o restante da banda lhe faz.
Músicas deliciosas como By The Sea, I Realized You, Children Laughing e as psicodelicaças Let Yourself Go Another Time, It's What's Really Happening e The Winter Is Could dão o tom saudosista e datado dessa dupla.
Completam o time o guitarrista Larry Carlton, o batera Jim Keltner e o tecladista Mike Melvoin.

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Gentle Giant - Free Hand





















Eles não fizeram suites de vinte minutos, não lançaram albuns duplos, não gravaram com orquestra e tão pouco tocaram em grandes arenas para 50 mil expectadores.
Apesar de tudo isso, o Gentle Giant é o maior grupo de Progressivo do mundo.
Somente, e tão somente, por sua incrível música complexicamente harmônica, riquíssima pelas influências do jazz, erudito, música medieval inglesa e pela expetacular habilidade de todos seus integrantes em tocar vários instrumentos diferentes.
Escrever a respeito do Gentle Giant é até simples, mas vê-los tocando ao vivo, em um dos dois DVD's oficiais que há no mercado, é de arrepiar. Vou fazer uma comparação apenas para visualizarmos esse fato: se você ouviu muito Dream Theater e ficou espantado com a performance ao vivo dos caras, ficará ainda mais impressionado quando ver a habilidade do Gentle Giant tocando! O que o Dream Theater faz hoje em dia, em termos técnicos, o Gentle Giant já fazia há 30 anos atrás - respeitando a diferença de estilos, é claro.
Todos os integrantes do Gentle Giant são incríveis, mas uma figura em especial "destruia" tudo: o tecladista, violoncelista, xilofonista e guitarrista Kerry Minnear.
O som do Gentle Giant está mais próximo de qualquer outra coisa do que do rock 'n' roll propriamente dito. Portanto, se você é apreciador de jazz, erudito ou música clássica, não tenha receios em ouvir Gentle Giant. Sua música é universal e a rotulamos de Rock Progressivo por conveniência. Acredito eu que esse grupo vai muito além de uma "simples" banda de Rock Progressivo.
Free Hand não é o melhor disco da banda, mas é o primeiro que ouvi, graças à minha amada esposa, que o apresentou à mim quando ainda namorávamos.
O Gentle Giant não tem essa de "viajem" ou "que som maluco!". Todos os seus trabalhos são reais e eram apresentados ao vivo com a maior fidelidade possível por seus integrantes. Portanto, não espere música para preencher "os espaços vazios". Tudo é milimetricamente calculado, pensado e planejado, construindo uma teia sonora interligada, onde cada instrumento é tão importante quanto o papel de seu executor. Não importa se o baixo está sendo tocado pelo vocalista ou se a flauta é soprada pelo guitarrista ou pelo tecladista: a música flui e isso é o que realmente importa.
Eis a chave do Gentle Giant: a música flui naturalmente e com precisão cirúrgica, pelos seguintes MÚSICOS: Derek Shulman - vocais principais, saxofone e baixo; Ray Shulman - baixo, violino e trompete; Kerry Minnear - teclados, violoncelo, xilofone, guitarra e vocais; Gary Green - guitarras, flauta e vocais; John Weathers - bateria, percussão, xilofone, guitarra e vocais.

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terça-feira, 22 de janeiro de 2008

King Crimson - Lizard



















"Lizard" é um dos albums mais enigmáticos e misteriosos do King Crimson. Particularmente é o que eu mais gosto, apesar de considerar irrepreensível a carreira do grupo. Tal como uma fênix, o Crimson ressurgiu das cinzas quando Robert Fripp reestruturou o grupo em 1970, após o lançamento do segundo album, "In The Wake Of Poseidon". Apenas o letrista, poeta e técnico de iluminação Peter Sinfield continuou com Fripp, que chamou para compor o novo Crimson o vocalista Gordon Haskell (que também tocou baixo em "Lizard" e cantou em uma música em "In The Wake Of Poseidon"), o baterista Andy McCulloch, o flautista e saxofonista Mel Collins (outro que também havia tocado em "In The Wake Of Poseidon") e como convidados especiais o pianista de jazz Keith Tippet e sua banda, composta por Robin Miller (oboe), Mark Charig (corneta) e Nick Evans (trombone), e Jon Anderson, vocalista do Yes, que cantou na faixa-título, em retribuição ao convite recusado por Fripp para juntar-se ao Yes.
As peças estavam postas no tabuleiro e tudo estava preparado para o grupo lançar o album e entrar em turnê, porém Gordon Haskell abandonou o barco quatro dias antes do lançamento do play, seguido por Andy McCulloch, em dezembro de 1971. Depois de passar todo o ano de 1971 sem fazer shows e passar os três últimos meses do ano preparando o disco, Robert Fripp mais uma vez, batalhador como é, recrutou novos músicos e escreveu uma nova página da história do grupo, em 1972. "Lizard" prima pela qualidade sonora e musical, e também pela ousadia. Fripp elaborou uma extraordinária combinação de intrumentos de sopro com dois sintetizadores VCS3 e o Mellotron, presentes em toda a gravação e dando um ar de modernidade e experimentalismo ao som do grupo, sem que possa ser taxado de virtuose. Pelo contrário, o minimalismo característico do grupo agora acentuado pela presença de dois sintetizadores, o piano maluco de Keith Tippet e os arpegios de Fripp apontam para uma nova proposta musical e dão a dimensão exata de que o King Crimson estava mesmo à frente de sua época e completamente centrado em sua música, apesar das incontáveis mudanças de formação, que nunca tiraram o grupo de seu eixo. Não há destaques para "Lizard", ele é perfeito em sua totalidade e deve ser ouvido de cabo a rabo, em sua ordem original.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Love - Forever Changes (re-post 11/08)




















Sensacional!! Essa é a palavra correta para descrever o Love e sua gloriosa carreira. Com sete discos de estúdio lançados, o Love distoa de de todas as bandas de sua época não por ter em seu líder, o guitarrista e vocalista Arthur Lee, um músico genial como poucos, mas por sua unidade musical e total comprometimento com sua música.
Forever Changes (1967) é o ponto máximo de sua trajetória, um disco incrível, praserosamente gostoso de ouvir e que tem em suas músicas a melodia exata para agradar aos ouvidos.
Influenciados pelo rock psicodélico, folk e rock britânico, o Love fez essa maravilha e com uma qualidade de gravação impecável.
O play abre com o dedilhado ao violão de Alone Again Or, com um toque flamenco e metais. A audição segue e grandes surpresas vão surgindo como A House Is Not A Motel, a psicodelia de The Daily Planet, a levesa de Old Man, Maybe The People Would Be Times Or Between Clark And Hilldale, com uma seção de metais emocionante, Bummer In The Summer e a mini suite You Set The Scene.
Essa é de matar a pau, uma das melhores canções dos anos 60 sem exagero algum. Sua evolução e crescendo é de fazer o coração chorar e a cada audição sinto mais orgulho de ter em meu DNA a paixão pelo rock and roll.
Johnny Echols (guitarra) Bryan MacLean (guitarra e vocais), Ken Forssi (baixo) e Michael Stuart (bateria) foram os caras que fizeram Forever Changes ao lado do grande Arthur Lee, um guitarrista tão importante quanto Jimi Hendrix.
Minha amiga Maria Rita sempre que visita minha casa pede o som do Love. Presentei um amigo com um CD desses caras e vá assim cultivando a amizade e o amor pelo rock.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Miles Davis - In A Silent Way / A Tribute To Jack Johnson / Bitches Brew (re-post 01/09)






Miles Davis reinventou o jazz em três épocas distintas: na década de 50, quando promoveu novas investidas na maneira de tocar o jazz standart, nos anos 80, quando uniu o jazz à musica pop e na virada dos anos 60 para os 70, quando eletrificou o jazz e lançou as bases do que viria a ser chamado, algum tempo depois, de jazz rock/fusion. Entre os anos de 1969 e 1971 Miles Davis lançou respectivamente "In A Silent Way", "Bitches Brew" e "A Tribute To Jack Johnson", três albums fundamenteais e extremamente importantes na história e evolução do jazz e da própria música conteporânea.
Inúmeros músicos participaram das gravações desses albums e parece que onde Miles colocou suas mãos tornou-se vinho, tamanha importância e influência de sua obra no mundo da música e nos próprios músicos que com ele trabalharam. Uma lista extensa poderia ser citada mas dentre os vários nomes que participaram desses três discos, aqui estão Wayne Shorter (saxophone), John McLaughlin (guitarra), Herbie Hancock e Chick Corea (piano elétrico), Joe Zawinul (órgão), Tony Williams, Jack DeJohnette e Billy Cobham (bateria).
Miles desenvolveu seus trabalhos muitas vezes à partir de grandes jam sessions dentro do estúdio, elaborando grandes peças musicais, estruturas intrincadas e uma vasta base para seus maravilhosos solos, experimentendo alguns efeitos no som do trompete e dando total liberdade para que os músicos pudessem imprimir suas marcas e identidades à sua música.
Após sua fase, digamos acústica, Miles abriu novas possibilidades para o jazz quando decidiu eletrificar sua música e experimentar novos formatos de arranjo e composição, mudando para sempre a história da música conteporânea, tão importantes quanto as obras de Stockhausen e Stravinsky.

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Budgie - Never Turn Your Back On A Friend








Formado no País de Gales em 1968 por Burke Shelley (baixo, vocais), Tony Bourge (guitarra e vocais) e Ray Phillips (bateria), em 1973 o Budgie lançou "Never Turn Your Back On A Friend", seu terceiro abum de estúdio. Um verdadeiro clássico do hard setentista, muito bem elaborado e recheado de sacadas e idéias legais. Tão importante que até o Metallica regravou algumas coisas desses caras.
Com um som cru (observe que estou falando de um power trio), o baixo chapado na cara por causa da mixagem, riffs certeiros e um vocal rouco fazem desse album um peça fundamental na coleção de qualquer garoto ou garota que só ouviu falar da santa-trindade do hard/metal dos anos 70: Sabbath-Purple-Zeppelin. Peso, passagens climáticas e músicas bem elaboradas são as marcas desse petardo. Pura bateção de cabeça: "Breadfan", "Baby Please Don't Go" e "In The Grip Of A Tyrefitter's Hand". "You're The Biggest Thing Since Powdered Milk" tem um quê de progressivo, tamanha sofisticação e elaboração, mas não sei porquê as bandas deixam para o final as grandes surpresas e em "Never Turn Your Back On A Friend" o grand-finale fica por conta de "Parents", um hard progressivão com um riff de guitarra marcante, itermediado pelo som do violão, o baixo oitavando as notas e um solo de guitarra magnífico. Sem contar, é claro, o famoso som das gaivotas. Hard estiloso.


Dust - Hard Attack (re-post 12/08)




















Assim como Captain Beyond, Warhorse, Andromeda e muitas outras bandas hard maravilhosas da virada dos anos 60 para os 70, o Dust também teve uma carreira meteórica, lançando apenas dois discos, muito pouco para uma banda brilhante e cheia de idéias legais para desenvolver. Um ponto muito interessante nesse "Hard Attack" (1972) é que o Dust não tinha uma preocupação excessiva em fazer um som pesado, pelo contrário, "So Many Times" tem até uma dobradinha muito bacana de guitarra e violão, sem comprometer o resultado final para quem gosta de peso. Somado a isso, temos a voz de Richie Wise, dono de um timbre muito bonito (ouça a belíssima "Thusly Spoken", por exemplo), o baixão quadrado de Kenny Aaronson e a batera certeira de um tal Marc Bell, que achou melhor mudar o nome alguns anos depois para Marky Ramone, depois que juntou-se aos Ramones. Minha velha fitinha K7 já rodou muito dentro do walk man quando eu ia de bicicleta para a casa de minha minha mulher, namorar. Toda vez que passava em frente ao bar do Sapinho estava rolando "Learning To Die". Dava uma vontade de parar e tomar uma cerveja! É engraçado, mas imagine o Oswaldo Montenegro cantando em uma puta banda de hard... "Learning To Die" é mais ou menos isso. Sem perder o pique, vem "All In All" com um baixão palhetado, a batera virando todas e Richie Wise cantando muito. Rock and roll meu velho. "Suicide" é para bater cabeça, com os caras mais uma vez cheios de raiva para canalizar através de sua música. Nem sei onde esses caras foram parar depois que o grupo se desfez. Aliás, se você tiver alguma informação, complemente essa resenha do Câmara.

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The Pentangle - Basket Of Light





















Lançado em 1969, esse é o terceiro álbum do Pentangle, uma banda britânica de folk rock formada inicialmente em 1967 por Jacqui McShee (vocais), John Renbourn (violão), Bert Jansch (violão), Danny Thompson (baixo acústico) e Terry Cox (bateria).
Com um som acústico, vocais influenciados pela música irlandesa e uma pitada de jazz fazem do Pentangle uma banda única, elegante e extremamente agradável, muito distante dos sem número de grupos folk que surgiram em meados dos anos 60. Algo realmente agradável de ouvir, por exemplo, em uma noite de inverno extremo do nordeste brasileiro. "Basket Of Light" começa com a intrincada "Light Fight" que, assim como "Train Song", traz forte influência de jazz, pautada pelo baixo acústico onipresente de Danny Thompson. Jacqui McShee desfila sua doce voz por "The Cuckoo" e "The House Carpenter", muitas vezes acompanhada pela não tão menos bonita voz de John Renbourn, como em "Hunting Song" e "Sally Go Round The Roses". "Springtime Promises" tem a voz de John e os dois violões costurando a melodia suave e inteligente da canção . O Pentangle ainda continuou sua saga por alguns anos durante os 70's até encerrar as atividades. Nas décadas de 80/90 lançaram alguns discos com várias formações diferentes da banda e em 2007 a formação original se reuniu para uma pequena apresentação na rádio da BBC. Se você curte Planxty, Jethro Tull ou Renaissance, vai se apaixonar pelo som do Pentangle.

Roger Glover And Guests - The Butterfly Ball








Após sua saída e a de Ian Gillan do Deep Purple, no fim de 1973, Roger Glover deu um tempo em sua vida de baixista e se lançou como produtor, em uma função bem sucedida, diga-se de passagem.
Numa empreitada muito interessante, em 1974 ele decidiu musicar um clássico da literatura infantil, "Butterfly Ball And The Grasshopper's Feast", de William Plomer e Richard Fitter. Para isso, contou com a participação de muitos amigos como Eddie Hardin, Jon Lord, Tony Ashton, Ronnie James Dio, David Coverdale, Glenn Hughes, Michael Giles, Eddie Jobson, John Lawton e muitos outros. "Butterfly Ball" é uma verdadeira ópera-rock fantasiosa, melódica e direcionada tanto para o público adulto, por contar com grandes estrelas do rock 'n' roll daquele momento, quanto para o público infantil, por cativar com suas histórias surreais, como a do sapo que se apaixona pela bela dama. Em 1975 a obra foi apresentada ao vivo no Royal Abert Hall, em Londres, em uma única apresentação. Infelizmente, existe um video oficial dessa apresentação que alterna entre as cenas da apresentação ao vivo com um filminho tosco pra caramba, com atores péssimos... mas ainda assim, vale muito a pena assistir. Uma das histórias mais conhecidas dessa apresentação é a de Ritchie Blackmore, ex-guitarrista do Deep Purple e já com sua nova banda, o Rainbow, ter literalmente proibido o vocalista Ronnie James Dio de cantar no evento. Mas isso contribuiu para um dos retornos mais significativos da histório do rock. Para o lugar de Dio, Roger Glover convidou seu eterno amigo Ian Gillan, para cantar "Sitting In A Dream". Desiludido com o showbusiness e com o sonho de poder cantar prazerozamente em uma banda, desde que deixou o Deep Purple não pisou mais em um palco, saindo de cena do mundo da música. Quando entrou no palco para cantar "Sitting In A Dream", foi ovacionado pela platéia e isso o surpreendeu muito, pois não fazia idéia de como era querido pelo público, por sua voz e carisma. "Butterfly Ball" é um sonho e como todo album clássico é recheado de histórias e proporciona grande prazer ao ser ouvido.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Niacin - High Bias (re-post 11/08)





"High Bias" (1996) já começa com uma paulada no pé da orelha, que é a música-título - um jazz-rock intricado e cheio de adrenalina, irmão.
Meus Deus, quem teve a idéia de juntar Dennis Chambers (bateria), John Novello (teclados) e o demente do Billy Sheehan (baixo) na mesma banda??? Particularmente, detesto Mr. Big e todas essas bandas posers dos anos 80/90, mas respeito quem goste delas. Acho que o mérito maior da existência do Mr. Big foi ter mostrado ao mundo que existe vida após Jaco Pastorius e atende pelo nome de Billy Sheehan. E o mais legal de tudo é que além de músicos excepcionais, esses três caras tocam com muita emoção e se divertem muito. Por falar em Jaco Pastorius, a segunda música é um cover de "Birdland", do Weather Report, e ainda tiveram a manha de convidar o próprio Alex Acuña para tocar percussão na música. Uma homenagem mais que merecida. "Slapped Silly" traz o baixo alucinante de Billy Sheehan e o som sempre maravilhoso do Hammond de John Novello "pipocando", como diz meu amigo Fábio Laguna. Claro, como um álbum digno de ser chamado clássico, a toada não é sempre a mesma, tem sempre algumas músicas para dar aquela quebrada no ritmo, como a linda "Cool To The Touch", a latina "Montuno" e os blues "It's The Little Things" e "Who Cares If It's Raining". Deixe por último a empolgante "Soul Diversion" (tenho certeza que você vai cantar junto com o Hammond) e a obra-prima "Hang Me Upside Down".

Cartoon - Martelo (re-post 04/09)































Oriundo de Ouro Branco/MG, o Cartoon surgiu com sua primeira formação em 1995 e em 1999 lançou esse seu primeiro album "Martelo", um play amadurecido por se tratar do primeiro da banda, apesar de todos os músicos já terem tocado em outras bandas, inclusive com formação musical acadêmica. O grande barato desses caras é a inevitável influência de Gentle Giant e Genesis, jogados em um caldeirão e misturados com muita influência de música brasileira, tal qual a loucura de "Snegs" do saudoso Som Nosso De Cada Dia.
Agora, meu amigo e amiga, não gosto muito de comparações mas se digo que aqui tem um pouco de Gentle Giant, então você pode ter certeza que o Cartoon é bom demais mesmo! Aliás, me arrisco em dizer que sim, nós temos nosso Gentle Giant brasileiro! Letras ora bicho-grilo ("Duend's"), ora politizadas ("A Verdade Sobre Os Incas") e com um instrumental impecável (ouça "Tempo" e deleite-se com o flanger no baixo), o Cartoon é motivo de orgulho para o progressivo brazuca e mais audacioso do que nunca por se tratar de uma banda que faz progressivo em uma época em que o estilo é quase o latim da música e em um país com pouca tradição em revelar nomes do estilo. Para promover o album, os caras fizeram um video clip muito legal de "Tempo", que foi veinculado pela Rede Minas na época, meio pelo qual conheci essa maravilhosa banda. O quarteto que toca aqui é Khadhu (vocais e baixo), Vlad (guitarra, violão), Boxexa (teclados) e Bhydhu (bateria). Yes, nós temos Cartoon!!
Vide comentários.

Vanilla Fudge - Vanilla Fudge
















O Vanilla Fudge é uma das primeiras bandas de rock and roll a colocar peso em sua música. Formado em New York, em 1967, influenciou muita gente por sua ousadia musical. Até mesmo Ritchie Blackmore (ex-guitarrista do Deep Purple) dizia que o Deep Purple, no começo de sua carreira, copiava o estilo do Vanilla Fudge. Na década de 70 a banda se desfez e cada integrante partiu para outras investidas musicais. Uma das mais aclamadas é o power trio Beck, Bogert & Apice, que também não durou muito tempo mas foi o suficiente para lançar um álbum de estúdio e um outro ao vivo, para ficar na lembrança de nós, saudosos rockers.
Esse primeiro trabalho auto-intitulado da banda, trás vários covers revisitados, bem ao estilo Vanilla Fudge de tocar, com peso e teclados chapados na gravação. A banda era formada pelo baterista Carmine Appice, irmão do também baterista Vinnie Appice (ex-Black Sabbath), pelo baixista e vocalista Tim Bogert, pelo guitarrista e vocalista Vince Martell e pelo tecladista e vocalista Mark Stein. O álbum abre, logo de cara, com "Ticket To Ride", dos Beatles, em uma versão muito louca, pesada para a época, é claro. "Shes Not There", de Rod Argent, que também foi regravada por Carlos Santana mais tarde, é o hit do disco; fez com que o álbum chegasse ao sexto lugar nas paradas americanas. A 5ª música é dividida em trê partes: a) Stra (Illusions Of My Childhood - Part One), b) You Keep Me Hanging On e c) Wber (Illusions Of My Childhood - Part Two) e, curiosamente, essas letras que aparentemente não querem dizer nada, se juntadas trás "Strawbery Fields", uma espécie de mensagem escondida no disco, tamanho fascínio pelos Beatles. "You Keep Me Hanging On" é fantástica! Cover das Supremes que na versão do Vanilla Fudge mais parece mesmo o embrião do que viria a ser chamado mais tarde de hard rock. "Take Me For A Little While" é legal pra caramba, cheia de emoção e com um refrão forte, bem rock 'n' roll. O grupo ainda se reuniu em 1984 mas não teve o mesmo impacto e brilho que os consagrou nos anos 60/70.
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Trapeze - You Are The Music... We're Just The Band





















Ouvi esse álbum em vinil pela primeira vez, aos 15 anos. Na época eu havia escutado o Live In London do Deep Purple e à partir daquele momento tornei-me um fã incondicional do baixista e vocalista Glenn Hughes. Formado inicialmente como quinteto, o Trapeze era uma banda inexpressiva no cenário britânico, mas isso começou a mudar quando deram uma "enxugada" na banda, tornando-se um trio com Hughes no baixo e vocais, Mell Galley na guitarra e Dave Holland na bateria. Em 1970 lançaram Medusa, um album de hard excelente, entrando no mercado fonográfico para tentar dividir espaço com os consagrados Led Zeppelin, Deep Purple, Free, entre muitos outros. Devido a grande influência de soul e black music na formação musical de Hughes, o álbum seguinte de 1972 é esse You Are The Music..., que veio com uma fusão incrível de hard rock e rock 'n' roll com a soul music e o funk novaiorquino. Poucas bandas naquele momento ousavam essa mistura de estilos, mesmo porque o mercado estava todo voltado para o hard rock e o rock progressivo. Mas o Trapeze tinha Glenn Hughes, um front man que além de ótimo baixista era (e atualmente é ainda mais) um vocalista incrível, assim como Paul Rodgers do Free, um branco que nasceu agraciado pelo mesmo dom e timbre vocal dos maiores cantores negros. Sua voz deu emoção e classe às músicas do Trapeze, que ainda tinha um ótimo guitarrista e compositor e um grande baterista. Toda essa química levou a banda a abrir alguns shows de bandas renomadas, inclusive do Deep Purple que mais tarde o convidou para tocar com o grupo, no final de 1973. Mas essa é uma outra história... O album abre com "Keepin' Time" e você vai até pensar que pode ser mais um disco de hard. Em seguida vem a balada e manjada "Coast To Coast" e a emocionante "What Is A Woman's Role", onde Hughes dá um show de voz e emoção, interpretando de tal forma que até Ottis Redding sentiria orgulho dele! Sem contar, é claro, o solo muito bonito de Mell Galley, que caprichou muito. Não posso esquecer-me de um dos momentos mais legais do disco, "Way Back To The Bone", um funk nervoso onde o Trapeze quebra tudo com sua levada desconcertante. Para fechar o play, nada melhor que "You Are The Music", outro funk que o Trapeze põe qualquer doido para dançar e agitar. Também tocam nesse disco como convidados mais que especiais, Rod Argent no piano elétrico e B.J. Cole (steel guitar), entre outros. Abra sua mente e ouça You Are The Music... We're Just The Band!