Os princípios do Câmara de Eco.

A finalidade do Câmara de Eco é funcionar como modesta referência para aqueles que procuram novos e velhos sons, publicando informações e indicando bons trabalhos merecedores de audição mais atenta.
Da mesma forma que um amigo empresta um CD a outro, faço questão de apresentar a você, internauta amigo e amiga, boas amostras de rock, jazz, progressivo, blues e folk, e com isso, espero, possamos divulgar a música vista como forma de arte e não como um produto qualquer dentro de uma caixinha acrílica.
Abraços e boa diversão!
Lucon

sábado, 22 de novembro de 2008

Captain Beyond - Captain Beyond
















Aguardei doze longos anos para um dia falar de Captain Beyond na internet.
Sempre apresentei a música de Captain Beyond entre meus amigos, por uma única razão: Captain Beyond (1972) é o MAIOR e MELHOR album de hard dos anos 70.
Sou fanático por Deep Purple, adoro Led Zeppelin e tenho paixão pelas bandas britânicas de hard e progressivo que surgiram na virada dos 60's para os 70's, mas confesso que sou doente por esse play do Captain Beyond.
Escrevo agora não sei para quem, mas se você está lendo essas palavras e divide o mesmo sentimento saberá que depois de anos e anos vasculhando as discografias de Deep Purple, Black Sabbath, Led Zeppelin, Warhorse, Iron Butterfly, James Gang, Rainbow, Uriah Heep e outros, verá que a resposta pela procura do verdadeiro hard está em Captain Beyond, o disco conceitual, visionário e avassalador do Captain Beyond.
Não sei explicar o porquê esse album é tão importante e especial para mim. É enigmático e misterioso ouvir Captain Bayond e sentir uma sensação de liberdade, energia e fúria, algo que muito poucos albuns me proporcionam.
O vocalista Rod Evans foi descartado do Deep Purple em 1969 e substituído pelo mago das cordas vocais Ian Gillan. O guitarrista Rhino e o baixista Lee Dorman eram remanescentes do Iron Butterfly e o batera Bobby Caldwell veio da banda de apoio de Johnny Winter, portanto uma formação de respeito.
Mas o que poucos imaginavam é que essa formação poderia fazer um álbum de estréia impactante, perfeito e sem teclados. Absurdamente pesado em algumas passagens, com um trabalho incrível de bateria - vide a introdução desconcertante de Dancing Madly Backwards (On A Sea Of Air).
As músicas são interligadas para darem uma noção mais clara da coneitualidade do disco e deixar-nos um pouco confuso, pois chega a ser quase progressivo, tamanha complexidade de algumas músicas mas sem deixar o poder de fogo de lado.
Rod Evans perdeu seu tique de Tom Jones e arrebenta nos vocais sem dar um único trinado e Rhino experimenta todos os recursos disponíveis na época para criar as bases e solos viajantes desse album, como na música Myopic Void, enquanto Lee Dormam segura muito bem a onda, bem até demais, trocando riffs com Rhino na bomba atômica Mesmerization Eclipse, que emenda com Raging River Of Fear, em uma das sequências mais fantásticas que conheço.
Frozen Over é outra porrada na orelha, com várias mudanças de tempo onde a banda vira junto e chega enfim em uma base muito sólida para os solos de Rhino. MUITO LOUCO!!!!
Thousand Days Of Yesterdays, I Can't Feel Nothing, As The Moon Speaks e Astral Lady levam o ouvinte a outra dimensão, com suas peculiaridades e sonoridade quase space rock, o verdadeiro.
O Captain Beyond é uma das bandas mais injustiçadas da história do rock: não tiveram sucesso comercial e reconhecimento de público e mídia, talvez pela proposta musical da banda, pouco compreendida naquela época.
Lançaram mais dois albuns de estúdio e em seguida encerraram as atividades. Recentemente Rhino e Bobby Caldwell ressucitaram a banda com a presença de outros músicos para uma apresentação no Sweden Rock Festival, mas a magia ficou perdida em algum lugar no passado e pode ser que essa reunião tenha servido para tentar amenizar uma das maiores injustiças da história.
Até algum tempo atrás Rod Evans era funcionário público nos EUA, abandonando o mundo da música desde 1980 quando quase foi linchado em um show ao tentar se apresentar com uma banda chamada New Deep Purple. A platéia ficou furiosa quando descobriu que não havia um integrante sequer do Deep Purple além de Rod Evans. Além disso, foi processado pelos ex-integrantes da banda que detinham os direitos sobre o nome, por uso indevido da marca Deep Purple.
Triste fim para um músico que escreveu algumas páginas da história do rock.

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