Os princípios do Câmara de Eco.

A finalidade do Câmara de Eco é funcionar como modesta referência para aqueles que procuram novos e velhos sons, publicando informações e indicando bons trabalhos merecedores de audição mais atenta.
Da mesma forma que um amigo empresta um CD a outro, faço questão de apresentar a você, internauta amigo e amiga, boas amostras de rock, jazz, progressivo, blues e folk, e com isso, espero, possamos divulgar a música vista como forma de arte e não como um produto qualquer dentro de uma caixinha acrílica.
Abraços e boa diversão!
Lucon

sábado, 12 de setembro de 2009

Pedro Jácome e Sua Guitarra Apurada.





















Pedro Jácome é guitarrista de João Pessoa/PB, tocou durante os anos 80 e 90 nas bandas Domber e Ponta de Espinho, além de produzir seus próprios trabalhos solo. Atualmente é integrante da Jazzmine Garden Band e investe em projetos paralelos. Um deles foi editado em CD em 2007 sob o título 80/2.
Com muita personalidade, feeling, técnica e muito bom gosto, Pedro apresenta em 80/2 uma boa série de músicas instrumentais que deixariam muitos guitarristas metidos a besta, com muita inveja.
Além disso, faz uso de diversos timbres – um deles se assemelha aos de uma Gibson semi-acústica – e também toca baixo no disco, que contou com a participação do baterista Dennis “Batera” e os convidados Junior Farias (gaita) e Olivier Barault (piano).
Pedro concedeu uma entrevista ao Câmara, onde fala sobre sua carreira, formação e idéias musicais.

1. Seu trabalho 80/2 é bem regular e apresenta uma ótima mescla de rock, jazz e blues. Qual é seu critério de composição para equilibrar muito bem esses estilos?
Não há planejamento, é uma coisa meio mística e ocorre quando eu pego o violão de aço ou a guitarra, dependendo do espírito do dia, e um riff já sai pronto. Daí para a composição mesmo, é ralação, com a busca das harmonias e arranjos. A parte final é sempre a mais divertida: improvisar sobre essa nova composição. Os solos do 80/2 são em sua maioria improvisos imprevistos, imprecisos.

2. Como é o cenário no NE para músicos instrumentais, como você, e quais são as facilidades e dificuldades em sua região para esse mercado?
Já ouviste aquela frase "é uma música só instrumental"? Essa parte dói um pouco, pois o "só instrumental" descreve muito bem como a música é interpretada normalmente. Música que não é canção, ou seja, a junção de harmonia e voz, é considerada como incompleta, ou "só instrumental". Apesar disso, aqui no NE há alguns espaços bem aproveitados como o Festival de Jazz de Garanhuns, em Pernambuco, o Festival de Inverno em Campina Grande e o Jazz&Blues que ocorre em Guaramiranga, no Ceará.

3. Em que momento você atingiu a maturidade musical para escrever suas composições e como foi seu início de carreira?
Aqui eu copio um pouco a resposta de Chico, o Buarque, para essa mesma pergunta: foi desde que decidi tocar um instrumento. Como não consigo reproduzir bem as músicas das quais gosto, acabo sendo forçado a compor as minhas. Estas eu toco melhor que ninguém, ao menos por enquanto. Comecei com uma turma de amigos, fazendo muito rock´n´roll nas garagens e porões de Campina Grande na década de 80. Ainda hoje fazemos, quando é possível reunir toda a turma.

4. Uma das músicas que mais gostei em 80/2 é o blues O Solzinho e a Luana, lembrando bem o estilo melódico de Gary Moore. Entre o jazz e o blues, qual é o estilo que mais lhe influenciou?
Inicialmente o blues, sem dúvidas porque é mais básico, no sentido de raiz, essência. Depois é que veio o jazz (que conheci a partir da bossa de João Gilberto), pelos horizontes largos que nos dá.

5. Quais são seus projetos para o futuro próximo e qual foi o retorno de 80/2?
Estudar. Sinto que não conseguiria fazer outro disco sem ter revisado suficientemente o material que uso. Mesmo as composições básicas que vêm sem controle, estão sendo registradas minimamente, apenas para que não as esqueça. Tocar. Encontrar companheiros para essa e outras empreitadas. O 80/2 me trouxe grande satisfação pessoal, apesar de todas as suas falhas. Ôpa, com isso vejo que trouxe também experiência.

6. Quero agradecer sua atenção e cordialidade. Esse espaço é para suas considerações finais.
Ricardo, então estamos quites. Eu te agradeço de volta, pelo teu esforço de divulgação de novos e velhos sons. Sei que não é fácil, mas acreditamos e por acreditar realizamos. Não é assim?

Entre em contato com o Pedro através de seu Myspace: http://www.myspace.com/463789272
Lá é possível ouvir algumas músicas de 80/2 ou então bater um papo com ele.