Os princípios do Câmara de Eco.

A finalidade do Câmara de Eco é funcionar como modesta referência para aqueles que procuram novos e velhos sons, publicando informações e indicando bons trabalhos merecedores de audição mais atenta.
Da mesma forma que um amigo empresta um CD a outro, faço questão de apresentar a você, internauta amigo e amiga, boas amostras de rock, jazz, progressivo, blues e folk, e com isso, espero, possamos divulgar a música vista como forma de arte e não como um produto qualquer dentro de uma caixinha acrílica.
Abraços e boa diversão!
Lucon

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Os Sete Melhores Bootlegs do Pink Floyd: Introdução

O mundo dos bootlegs (vulgo "disco pirata") ou Roio (Record of Indeterminate Origin - gravação de origem indeterminada) é muitas vezes ingrato.
Com o advento da internet e a digitalização dos primeiros bootlegs lançados ainda nos anos 70 tornou a procura por eles ainda mais confusa, demorada e incerta. O cruzamento de informações via internet é uma boa opção para quem está à procura de uma determinada gravação, porém, é bom lembrar que apenas alguns poucos sites trazem informações consistentes e precisas quanto ao assunto, inclusive informações quanto às capas, tracklist, qualidade da gravação, tempo de duração de cada música, formação e, principalmente, a data e local da gravação.
É claro que muitos bootlegs contém erros gráficos, não seria muito difícil encontrar por aí um bootleg do "Pink Floid", quanto mais trazer em suas capas informações precisas.
Aí é que entra a importância desses poucos sites que são verdadeiras enciclopédias dos bootlegs.
Como a postagem trata-se do Pink Floyd, posso mencionar aqui pelo menos dois sites fantásticos: o Pink Floyd Concert Database e o Pink Floyd RoIO Database.














Se você possui muitos bootlegs e pouca informação quanto à eles, acesse esses dois sites, cruze as informações e descubra exatamente qual bootleg você tem em mãos.
Outro detalhe fundamental está no fato de a mesma gravação possuir muitas vezes, títulos e artes diferentes, confundindo ainda mais o ouvinte e fazendo com que baixemos a mesma gravação várias vezes, porém com títulos diferentes.
Vou dar um exemplo bem simples: um bootleg bem conhecido do Floyd (um dos mais velhos e muito ruim por sinal) é o In Celebration Of The Comet: The Coming Of Kahoutek. Esse bootleg é uma péssima gravação de audiência, onde o Floyd toca The Dark Side Of The Moon inacabado, em 17 de fevereiro de 1972, no London Rainbow Theatre.Ele foi lançado em vinil, ainda nos anos 70 e relançado sob vários outros títulos, também em vinil e posteriormente em CD. É exatamente isso que confunde muito o internauta, na hora de escolher e sair à procura de um determinado bootleg pela internet.
Por fim, um detalhe crucial para valer a pena ou não, procurar por um bootleg: a qualidade de gravação. Noventa por cento dos bootlegs são horríveis, pois são gravados de audiência.
E como isso era feito? Existiam várias maneiras de se gravar um show. Vamos nos lembrar que estamos falando dos anos 70, portanto, muitas casas de shows ou os festivais a céu aberto não tinham um controle de segurança como existe nos dias de hoje, como é caso da Via Funchal, onde acredito eu, deve ter até detector de metais nas entradas.
Então, era muito fácil um sujeito da platéia entrar com um pequeno gravador de fita K7 e gravar o show. A maioria dos bootlegs gravados de audiência têm esse tipo de (falta de) qualidade mas a coisa não pára por aí, foi-se evoluindo as técnicas de gravação e uma delas, e melhor, era a do sujeito que, de um jeito ou de outro, conseguia entrar no show com um gravador de fita e um microfone. Depois disso, era simples: bastava direcionar o microfone à frente de uma das torres de som. Alguns bootlegs gravados de audiência possuem boa ou muito boa qualidade de gravação porque foram feitos dessa forma. Imagino eu, é claro, que mesmo naquela época seria preciso subornar a segurança ou ter amizade com alguém da equipe técnica para facilitar a entrada com um equipamento de gravação.
Nos anos 70 era muito comum as bandas serem donas de seu próprio eqipamento de som, de caminhões e carretas para transporte e ter sua própria equipe técnica.
Vide o próprio exemplo do Floyd que, em 1969, posou para a foto da contra-capa de Ummagumma à frente de seu equipamento de som. Existe um mito de que fizeram isso para mostrar que naquela época, eles possuíam o melhor e maior equipamento de som... não sei se é verdade, mas isso motivou até os Mutantes no ano de 1970, a fazer a mesma coisa na contra-capa de Jardim Elétrico.
Se você conhecia alguém da equipe técnica, aí a coisa rolava numa boa, poderia posicionar o equipamento em um local privilegiado, fora do alcance dos barulhos da platéia e fazer uma excelente gravação. Ou melhor ainda: poderia até gravar direto da mesa de som.
No caso do Pink Floyd isso é raríssimo, mas no caso de bandas como Genesis e Led Zeppelin, por exemplo, é comum encontrar bootlegs com qualidade perfeita de gravação, justamente porque algum maluco por aí conseguiu um canal direto da mesa de som.
Os melhores bootlegs do Floyd são frutos de transmissões de rádio na época. Imagino eu que os tapes deviam estar perdidos em antigos estúdios e, de vez em quando, alguém acaba descobrindo isso e surge um novo bootleg.
Há alguns anos, foi descoberto dentro de uma velha mala em um brechó, vários tapes dos Beatles com gravações inéditas. Um bom exemplo de descoberta casual e de importância histórica sem precedentes.
Gravar um show com boa qualidade hoje em dia é difícil. Existe um trabalho eficiente por parte da segurança, que impede a entrada de equipamentos de gravação e, muitas vezes, até de celulares. A equipe técnica e aparelhagem geralmente é terceirizada, dificultando o acesso à um canal da mesa de som... ou alguém por aí é amigo de um integrante da equipe técnica do Eric Clapton??
Ainda assim, existem bandas que procuram meios extremos de evitar ou não esse tipo de situação e vou citar dois exemplos claros, onde uma banda entende que os bootlegs não atrapalham seus negócios, pelo contrário, ajuda a divulgar ainda mais sua música e a outra banda entende que até pode ganhar uma grana com eles.
Em 1997, se não me engano, a dupla Jimmy Page e Robert Plant liberou alguns canais da mesa de som para quem quisesse "piratear" seus shows. O resultado disso foi uma avalanche de bootlegs de excelente qualidade no mercado e tenho certeza que a dupla não ficou nem mais pobre e nem mais rica com isso.
O outro exemplo é o Pearl Jam que há alguns anos lançou cerca de 30 CD's ao vivo de uma determinada turnê. O intuito da banda foi o de evitar a "pirataria" de seus shows e colocaram no mercado esses CD's com preços mais acessíveis.
Infelizmente, aqui no Brasil só foram lançados meia dúzia desses CD's ao vivo e lembro bem que, na época, esses CD's não eram mais baratos que os outros da loja, como queria a banda... "fominha" essa indústria fonográfica, não acham?
Eu quero deixar bem claro que eu não concordo com a "pirataria", está escrito nas leis do Brasil que isso é crime e devemos respeitar, como cidadãos brasileiros que somos.
Mas eu também acho um absurdo uma porcaria redonda de plástico, embalada em uma caixinha também de plástico custar R$35,00, R$40,00, por isso já a alguns anos eu não compro mais CD's. Abri mão de meu hobby de colecionar CD's e parti para os downloads. Sou feliz do mesmo jeito.
Não classifico os bootlegs como um CD "pirata", para mim, um bootleg é uma verdadeira obra de arte se bem gravado e não deve ser extinto ou combatido, mas sim legalizado de alguma forma.
Na década de 90 a Itália tentou fazer isso por alguns anos, através do S.I.A.E. (Società Italiana degli Autori ed Editori).
A idéia era bem simples e muito boa: os bootlegs só recebiam o carimbo do S.I.A.E. se apresentassem o mínimo de qualidade. Houve uma avalanche de bootlegs italianos naquele período, mas tudo que é bom dura pouco.
A indústria fonográfica internacional não viu com bons olhos a idéia dos italianos e tratou de "melar" a iniciativa deles.
Com toda essa dificuldade de encontrar um bom bootleg do Pink Floyd na internet, eu selecionei os 7 melhores da banda, que eu conheço. Meu principal critério de avaliação foi a qualidade de gravação: seis deles foram transmitidos via rádio e a gravação é dos tapes masters, ou seja, antes de irem ao ar.
Apenas um deles provavelmente foi gravado de audiência, mas como a qualidade é muito boa resolvi incluí-lo. Acompanhe passo-a-passo as próximas postagens e verá que qualidade é artigo fundamental do Câmara de Eco.
Agradecimentos especiais ao meu querido irmão Rinaldo Lucon, pelas fotos.
Abraços à todos.